Fruto da obsessão de Luciano Magno, será lançado em Curitiba na próxima sexta-feira (26) o Catálogo da 1.ª Bienal Internacional da Caricatura. São obras de 180 artistas das mais variadas vertentes do desenho satírico, apresentados em 800 imagens que compõem um grande livro, de capa dura, pesando 2,3 quilos.
Veja algumas imagens do catálogo da Bienal
O evento também marcará a primeira conferência de caricaturistas do estado, quando desenhistas pretendem iniciar um movimento mais organizado pela regulamentação da profissão – há cerca de 40 caricaturistas em Curitiba. O catálogo poderá ser adquirido no evento, em livrarias ou pela internet.
Este é o segundo livro sobre caricaturas que o autor carioca lança, depois de “História da Caricatura Brasileira”, vencedor do Jabuti de 2013, que citava alguns exemplos de trabalhos paranaenses.
O novo livro documenta trabalhos expostos de forma itinerante entre novembro de 2013 e novembro de 2014 em 40 localidades do país, no que foi chamado de Bienal Internacional da Caricatura – Brasil.
Além de artistas brasileiros, que compõem a maioria dos homenageados, são destacados mestres estrangeiros como Mort Walker (criador do Recruta Zero) e Gustave Doré, francês que ilustrou importantes obras literárias editadas no século 19. Mestres, literalmente: a influência do alemão Thomas Nast (1840-1902) pode ser percebida, por exemplo, na obra de Angelo Agostini. Ambos combateram a escravidão com suas criações.
Risos
Pode-se aprender muito da história do Brasil pelos desenhos retirados da imprensa dos séculos 19 e 20, presentes no livro, em periódicos como “O Malho”, “Fon-Fon” e “O Cruzeiro”.
Um grande número de imagens, por exemplo, dá conta da repercussão dos experimentos de voo de Santos Dumont, sempre com um viés cômico, inclusive quando parou de voar. Em outros exemplos, surge o fantasma das campanhas sanitárias nos centros urbanos e da desconfiança do povo em relação às vacinas.
A figura do diplomata Barão do Rio Branco, responsável pela compra do território do Acre à Bolívia, também é retomada pelos desenhos cômicos em que foi retratado no início do século 20.
Gibiteca (Solar do Barão, R. Carlos Cavalcanti, 533). Dia 26 de junho, às 18 horas. Entrada franca. Lançamento do Catálogo da 1ª Bienal Internacional da Caricatura, que será vendido a R$ 60.
Outro viés abordado pela Bienal e documentado no livro são cartazes e releituras de filmes, numa interessante intersecção das artes. Estão lá “velharias” como o cartaz da primeira animação brasileira de longa-metragem, “Sinfonia Amazônica” (1953), mas também material mais recente a partir de filmes como “Desconstruindo Harry” (1997), de Woody Allen, além de caricaturas de Greta Garbo e Marilyn Monroe.
Fica registrada a menor, mas existente participação de caricaturistas femininas, com destaque para Cláudia Kfouri, de São Paulo, que resgatou a primeira criadora brasileira: Nair de Teffé, a Rian, que foi o tema de uma das exposições da Bienal, no Rio de Janeiro.
Além de toda essa contribuição para a documentação de uma arte que, de outro modo, poderia se perder após as publicações em periódicos, Magno foi responsável pela identificação da primeira caricatura nacional: trata-se de uma charge anônima publicada em 1822 no jornal recifense “O Maribondo”, criticando as vozes contrárias à independência do país. Essas são retratadas como “corcundas” por se curvarem ante o absolutismo.
Está aí uma característica dessa arte, tão ligada ao seu contexto que, para ser fruída no futuro, com frequência requer uma explicação.
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