Novamente um muro coloca Trump sob os holofotes, mas desta vez por motivos diferentes. A construção não separa os Estados Unidos do México e sim a estrela de Donald Trump na calçada da fama, em Los Angeles, do resto de Hollywood. Rica em detalhes, o muro tem arame farpado no topo, placas de “Keep Out” (na tradução, “Não Entre”) e parodia uma das propostas mais absurdas do republicano contra a imigração de latinos. Depois que sua candidatura à presidência dos EUA foi oficializada pelo Partido Republicano, o quadrado de 15 centímetros já pode ser considerado a obra de arte mais importante do ano, pelo seu simbolismo e força política.
O idealizador atende pelo nome artístico de Plastic Jesus. Reproduziu a obra no Instagram e obteve mais de 23 mil curtidas. O professor de política internacional da UniCuritiba Gustavo Blum afirma que a intervenção urbana feita por Plastic Jesus fez sucesso pois representa o impacto real que as propostas de Trump podem causar em gerações. Para Blum “está sendo possível ver nos Estados Unidos a bipolaridade política que se vê no Brasil há alguns anos.”
Plastic Jesus é britânico e chama-se, na verdade, Nick Stern. Com uma sequência de produções artísticas contra Trump — como a placa de sinalização “No Trump Anytime” (Trump em momento algum) e com a frase “Stop making stupid people famous” (Parem de tornar pessoas estúpidas famosas) — ele obviamente é contra o candidato republicano e afirma que “se Trump for eleito vou mudar para outro país, na Ásia ou Europa. Vou para um lugar legal como a América era há quatro anos”, afirma.
A publicidade que o artista londrino dá à Trump é questionada pelo cientista político da PUCPR Masimo Della Ventura. Para o cientista, a obra é muito didática e ataca diretamente Trump por demonstrar sua proposta governista de modo chocante. Mas pode gerar um efeito “boomerang” e alerta: “ele pode se igualar a quem tanto repreende, porque pode parecer oportunista ao fazer arte em locais públicos de ações recentes”.
Intervenção Urbana
Nick, o mascarado Plastic Jesus, contou à reportagem que não enxerga como “propaganda” as ações que faz contra Trump, “são as minhas ideias e sentimentos que expresso nas artes”, diz. Cético, ele não acredita que elas podem influenciar um voto a favor ou contra algum candidato. “O que eu quero é chocar as pessoas e chamar a atenção para o que está acontecendo”.
Para ele, Trump significa “uma América retrógrada e mais violenta, sem liberdade e igualdade entre os povos. É um passo para trás”.
A diretora da galeria Ybakatu, Tuca Nissel, explica que a comunidade artística diz sobre um artista é que ele deve ser considerado como tal quando há linearidade no trabalho e pesquisa.
O artista urbano londrino tem tudo isso. Há quatro anos vem trabalhando exclusivamente com intervenções provocativas contra notícias, questões políticas, de gênero e raciais.
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