Os gifs podem ser arte? Exposição em Curitiba quer provar que sim

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Em uma união de improváveis elementos visuais, o designer e professor universitário Leandro Catapam propõe dar um novo significado aos manequins de lojas de departamento dos anos 1990. Para isso, ele recorre aos gifs: imagens que unem elementos estáticos em formas dinâmicas, e que em 2017 completam 30 anos.

Os gifs são um dos mais antigos formatos de imagem usados na era digital. A técnica das animações instantâneas permitiu que, no período em que as conexões de internet eram muito lentas, as imagens coloridas fossem carregadas em todo o tipo de site. Hoje, blogs e redes sociais resgataram o formato de 1987 utilizando-o excepcionalmente para dar um caráter cômico ou sarcástico às publicações na web.

No intuito de transportar o espectador para uma realidade virtual às avessas, Catapam expõe 16 imagens que reproduzem uma sequência mecânica de quadros estáticos. Tal situação vai ao encontro das representações apáticas dos manequins que simulam emoções artificiais. “Entendi que os manequins poderiam traduzir um pouco o ‘movimento parado’ que almejava. Eles são representações da figura humana e com os gifs é quase como se eu quisesse gerar emoções em uma vida artificial”, diz.

Especializado em colagens, ele explica que a principio as imagens ficariam estáticas. Já com as imagens prontas, o colagista mudou de ideia. “Porque surgiu a vontade de amplificar o potencial da narrativa da colagem dando movimento a ela. Então pensei: — Posso fazer a partir dos softwares de edição”.

Inversamente proporcional ao tempo de trabalho, as produções duram cerca de 30 segundos. Os gifs mesclam colagem de figuras impressas — retiradas de catálogos de moda ou revistas — e edições em programas digitais. Tal método é justificado pelo designer por “tentar romper a barreira entre o manual e o digital. Quando fazem algo a mão é muito valorizada como se não desse o mesmo trabalho manusear softwares de edição”.

Túnel do tempo

Historiadores do fenômeno dos Gifs produziram, em 2012, o documentário “GIFs Animados: O Nascimento de um Meio” (em inglês “Animated GIFs: The Birth of a Medium”) para comemorar os 25 anos do formato da imagem para internet. A produção conta a trajetória do uso deste recurso: do surgimento, como forma didática até a criação dos memes animados, feito por inúmeros internautas mundo a fora.

Produção

Sob a ótica modernista e despretensiosa quanto ao significado da arte, os gifs produzidos pelo designer fundem elementos retrógrados de moda, do final do século XX, às narrativas futuristas do novo milênio. De acordo com o designer alemão Uwe Loesch, no texto “O local, o tempo e o ponto” (1997) as mensagens da atualidade são para o piscar dos olhos.