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Neste sábado (30), a vídeoinstalação “#aflorestaqueanda.doc” transformará o Museu Municipal de Arte (Muma), no Portão, num set de filmagens.

Quem entrar verá quatro telões transmitindo documentários curtos sem parar, todos relacionados a jovens que tiveram a vida afetada por alguma ação violenta da polícia ou do próprio Estado.

Na exposição, que começa em Curitiba e depois irá a outras seis cidades do país e circulará pela Europa, a diretora Christiane Jatahy pretende revelar pessoas comuns, muito jovens, mas que tiveram a vida “atropelada pelo sistema político, econômico e social”. Ou seja: a ideia é refletir de que forma as ações políticas afetam a vida pessoal de forma irreversível. O título da exposição tem relação com a tragédia de Shakespeare “Macbeth”, em que a ambição do personagem-título o leva a massacrar dezenas pelo caminho.

São escolhidas pessoas entre os 20 e 30 anos, idade que Christiane considera crucial porque “são eles que mudarão o mundo”. O projeto prevê retomar o contato com essas pessoas daqui a dez anos para saber o que aconteceu com seus planos e sonhos.

#afloresta que anda.doc

Museu Municipal de Arte (Av. República Argentina, 3.430 – Portão), (41) 3229-4458. Dia 30. Duração: 50 minutos. Entrada franca. Abertura às 9h. Performances a partir das 16 horas, até as 21h.

A ideia é ir colhendo cada vez mais histórias que possam dar um panorama dos absurdos a que os jovens são submetidos no Brasil e no mundo. Para isso, uma câmera colherá depoimentos de quem visitar o Museu e desejar participar. Das 16 às 21 horas, a cada hora cheia, quatro atores estarão misturados ao público e gravarão depoimentos que podem ser deles próprios ou histórias ouvidas pela diretora em viagens pelo mundo. Tudo será transmitido em dois telões na exposição.

Conheça as vítimas

Prosper,
28 anos

Representante internacional dos entrevistados, Prosper é refugiado da guerra civil do Congo, país onde perdeu a família e foi torturado por dois anos pelo governo porque o pai pertencia a um movimento contrário ao governo. Ele próprio, porém, não se envolvia em política – já hoje, cogita o que fazer para ajudar seu país.

Michelle, 28 anos

Ela é sobrinha do pedreiro Amarildo, assassinado pela polícia do Rio de Janeiro. É estudante e muito articulada, dando um show de entrevista nesse filme. Do que ela fala? Da vida na Rocinha, da disputa de poder dentro da e da violência sofrida por sua família. O caso a tornou representante de movimentos políticos.

Igor, 27 anos

O estudante de geografia ficou preso em Bangu (RJ) por sete meses por organizar as manifestações de 2013 contra o governo. Considera-se um ex-preso político e ainda é alvo de processos judiciais “kafkianos” de cunho ideológico. Um exemplo pinçado a dedo pela diretora de alguém que teve a vida atravessada por um ato de violência.

Ismael,
22 anos

O garoto que mora em Brasília participa do movimento de acampamento de famílias desapropriadas. O documentário enfatiza mais as condições coletivas de vida dos acampados do que a história individual do rapaz.

Visitantes

Uma câmera estará disponível durante todo o sábado (30) para colher depoimentos dos visitantes do Museu. A diretora Christiane Jatahy estará presente para explicar o funcionamento do projeto. Rapidamente, as imagens serão editadas no próprio museu, com instruções sendo dadas por Christiane. Esses depoimentos serão veiculados em dois telões instalados junto dos demais.

Performance

Ao longo da tarde e da noite, a partir das 16 horas e em toda hora cheia, 4 atores lerão depoimentos colhidos ao redor do mundo, misturando depoimentos pessoais, de forma que ninguém terá certeza do que é verdade ou ficção. Essas leituras também serão transmitidas nos dois telões extras da exposição.

Christiane Jatahy

Christiane se dedica há 15 anos a criar peças e filmes que cruzem as fronteiras entre as artesJatahy se dedicou à pesquisa de novas possibilidades cênicas. Espetáculos como ‘Carícias’ (2001) e ‘Leitor Por Horas’ (2006) já apresentavam novos pontos de vista ao espectador. O processo se intensificou com a trilogia formada por ‘Conjugado’ (2004), ‘A Falta que nos Move’ (2005) e ‘Corte Seco’ (2009). Nesta última, a diretora fazia intervenções ao vivo, a estrutura dramatúrgica mudava a cada noite e o vídeo começa a ser usado como parte fundamental da ação.

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