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Muita gente teve sua vida mudada por um disco ou então teria um álbum favorito para levar para uma ilha deserta. O jornalista Alexandre Petillo fez as perguntas a 70 músicos, jornalistas, DJs e publicitários e reuniu as respostas de cada um no livro "Noite passada um disco salvou minha vida - 70 álbuns para a ilha deserta" (Geração Editorial).

Samuel Rosa, voz e guitarra do Skank, atribui seu interesse pelo pop rock e por ter uma banda à audição do álbum "Help", dos Beatles, aos nove anos de idade em 1975, 10 anos depois do lançamento original como trilha sonora do segundo filme da banda. Samuel explica sua preferência por um nome da geração de seu pai por ser um "saudosista assumido". "Aqueles hits poderosos, junto ao filme dirigido por Richard Lester (que tantas vezes assisti imaginando que a melhor coisa do mundo seria estar em uma banda de rock) definitivamente fizeram minha cabeça".

O cantor Leo Jaime escolheu "Wings over América", disco ao vivo do grupo de Paul McCartney Wings, lançado em 1976. "Ouvindo esse disco, pensando, quieto, lavei toda a tristeza e o desespero. O belo é a única coisa que coloca a tristeza e o desespero em perspectiva. É a terceira dimensão, ou quarta, dando limite ao que sentimos. Mudou minha vida," escreve Leo.

Depois do fim dos Beatles, em 1970, Paul lançou dois discos solo, mas logo decidiu que devia trabalhar dentro de um grupo, daí formou o Wings, que durou até 1980, com vários hits. "Wings over America" registra a turnê americana de 1976, lançado originalmente como álbum triplo.

"O Clube da Esquina", formado em 1970 por músicos mineiros, tinha uma aberta influência dos Beatles, mas um de seus fundadores, Lô Borges, escolheu como disco que mudou sua vida, "Axis bold as love", o primeiro de Jimi Hendrix, lançado em 1967. "Jamais poderia imaginar que algum artista fosse tão completo, revolucionário, visceral, usando ferramentas tecnológicas nunca antes usadas e fazendo da guitarra, do canto e das composições uma coisa tão integrada e forte", comentou.

O líder do Ultraje a Rigor, Roger Moreira, fiel ao seu amor pelo rock dos anos 50, escolheu para acompanhá-lo a uma ilha deserta a trilha sonora original do filme "American Grafitti", de 1973, um dos primeiros dirigidos pelo mago George Lucas. Uma comédia adolescente embalada por algumas das melhores canções do começo da era do rock'n'roll. "Uma ótima trilha sonora para se ouvir na praia. Variedade, rock and roll clássico do bom, arranjos bacanas, orquestra, um pouco de jazz, harmonias vocais, tem até Chuck Berry e Beach Boys. Não tem Beatles, mas têm alguns de seus ídolos (e dos meus) como o grande Buddy Holly e Lee Dorsey, maravilhosos grupos vocais como The Flamingos e The Platters."

A cantora baiana Pitty achou difícil escolher um único disco para levar a uma ilha deserta. Explicou que o tal disco precisaria "ter nele um certo desespero", "riffs do tipo levanta defunto", "um hardcore ou dois para as horas mais nervosas e tensas" e "uma balada soturna, quase monotônica, um mantra". E o vencedor é: "Nevermind", do Nirvana. E ela explica: "Mexeu com meus brios e fez parte da minha adolescência. Aquela capa, puro simbolismo, geração X, toda uma geração nadando em busca de uma nota. O sarcasmo, a melancolia, a ira, a pieguice, o grito, o sussurro. Está tudo ali".

Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, escolheu "Regatta de blanc", reggae de branco, do grupo The Police, mas ressalta que o grande impacto veio da música "Message in a bottle". O cenário da revelação de Dinho foi uma festa na casa do Fê Lemos, baterista do Capital, em Brasília. Dinho ainda rezava pela cartilha de bandas clássicas como Led Zeppelin, Deep Purple e AC/DC. "De repente ouço um arpejo que parecia algo de outro planeta. Era como se os céus tivessem aberto e Deus em pessoa descesse e me dissesse: 'Chega de ouvir esses velhos, meu rapaz. Essa é a nova ordem'. A música em questão era 'Message in a bottle', do Police. A partir daquele momento minha vida mudou. De verdade, ela acabou tomando um rumo completamente inesperado."

O cantor Lulu Santos conta que o primeiro disco de Gabriel O Pensador, de 1993, lhe deu um novo rumo na carreira num momento em que sentia "clara sensação de esgotamento de idéias, de recursos, de expedientes" após o lançamento do CD "Mondo cane" no mesmo ano. Lulu já estava ligado no programa "Yo MTV Raps" que o deixava "eletrizado com a riqueza e propriedade daquela cultura emergente, o hip hop. O visual e o comportamento do gueto me deixou de cara". A estética do disco de Gabriel o jogou na direção do DJ Memê e dos discos "Assim caminha a humanidade" e "Eu e Memê, Memê e Eu".

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