Um grupo de artistas – entre eles, Marieta Severo, Marcelo Serrado, Fernando Eiras, Ricardo Petraglia, Ney Latorraca, Jacqueline Lawrence - se reuniu nesta quinta-feira (21), no Teatro Poeira, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, para protestar contra a aprovação pela Câmara dos Deputados da Lei de Incentivo ao Esporte. Eles estão organizando novas manifestações por considerar que perderão recursos para financiar suas atividades profissionais.

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O projeto aprovado pelos deputados na noite de quarta-feira(20) permite que as empresas apliquem em patrocínios esportivos e culturais até quatro por cento do Imposto de Renda devido sobre o seu lucro líquido. Para irritação dos artistas, a votação na Câmara rejeitou emendas aprovadas no Senado e que teriam sido negociadas entre as duas partes.

Agora, se o plenário do Senado mantiver o texto aprovado na Câmara, a lei irá para a sanção do presidente Lula. Com isso, artistas e desportistas dividirão os mesmos recursos. E os artistas temem ficar em desvantagem diante da popularidade do esporte:

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"Foi uma surpresa enorme porque já havia um acordo firmado entre a Casa Civil, ministérios da Cultura e do Esporte, principalmente, e os senadores e o Senado, em torno dessa lei que ia satisfazer todo mundo. Estávamos muitos felizes e unidos em torno disso, então a Câmara ter derrubado esse acordo é que nos surpreendeu", disse Marieta Severo, dona do teatro e uma das organizadoras do movimento dos artistas.

Marieta lembrou que o acordo fechado há nove dias com os desportistas e encampado pelos senadores, em Brasília, previa que os artistas e desportistas iriam lutar para que a dedução do Imposto de Renda do lucro das empresas fosse elevada de quatro para oito por cento – os dois lados dividiram os recursos.

"Nós queremos que todos sejam beneficiados. Nós, da cultura, queremos estar ao lado do esporte para que todos tenham mais recursos porque todos somos fundamentais para o país", disse a atriz.

Esportistas comemoramO ministro dos Esportes, Orlando Silva, disse, em Brasília, que se empenhou pela aprovação do acordo fechado no Senado entre os dois lados, mas lembrou que o poder legislativo é autônomo:

"O que nós, membros do Executivo, temos que fazer é a acatar a decisão tomada pelo poder legislativo, que tem a legitimidade, tem suas decisões e trabalhar para que não haja contradição entre a cultura e o esporte", afirmou Silva.

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Para o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Nuzman, a aprovação atende a uma antiga reivindicação do esporte nacional:

"O esporte luta há 23 anos, desde 1983, pela lei de incentivo fiscal. Durante todos esses anos, nós lutamos sem procurar ter discussões com nenhum setor. E assim nós nos comportamos dessa maneira. A Câmara dos Deputados entendeu que ela deveria seguir um caminho diferente (do Senado), ela tem como poder legislativo a sua independência e autonomia, assim foi decidido", comemorou Nuzman.

A ex-jogadora e comentarista Hortência também festejou:

"Estamos felizes. É um momento histórico para o esporte nacional".