O cinema ainda não falava quando surgiram os primeiros filmes de assalto da História. De trens, bancos, diligências e outras variantes, o tema é tão recorrente que pode ser considerado um gênero, ou subgênero: "filmes de assalto". Com o tempo, inventaram formas mais seguras que os trens para se transportar dinheiro. Diligências viraram passado. Os bancos... ah, os bancos continuam sendo as confeitarias dos ladrões.
O mais novo exemplo da fórmula assalto + banco = filmão deve chegar às locadoras nesta semana com o título Um Plano Perfeito. Vá lá, o nome não inspira muita confiança, equivale a chamar uma aventura de piratas de "O Mapa do Tesouro". Nada mais manjado, certo?
Porém, o diretor Spike Lee prova que você pode lançar mão de um fórmula conhecida (vide o parágrafo anterior), com vários detalhes iguais a de dezenas talvez centenas de outros filmes e, mesmo assim, criar algo inusitado. A projeção começa com Dalton Russell, interpretado por Clive Owen (Closer Perto Demais) explicando diretamente para a câmera o plano perfeito de assalto a banco. Das duas, uma: ou ele é um gênio, ou um maluco. Já se sabe que modéstia não é uma de seus atributos.
Suas artimanhas esbarram no policial Keith Frazier, um Denzel Washington endiabrado. Aqui ele parece ser o meio-termo ideal para o vilão de Dia de Treinamento, onde interpretou um policial nada confiável.
Confiar ou não em Frazier é somente uma das várias nuances que Lee consegue explorar até o desfecho auto-irônico que justificaria um título como O Fim Perfeito. Houve quem achasse a produção um deslize na carreira de um diretor engajado na causa negra, que adaptou às telas a vida do líder negro e pacifista Malcolm X, abordou o amor inter-racial (que permanece um dos maiores tabus do cinema americano e, por inter-racial, entenda homem negro com mulher branca e vice-versa) em Febre da Selva, fez um tributo ao jazz em Mais e Melhores Blues e falou de preconceito e racismo de maneira mais ou menos explícita em mais de uma dezena de produções, inclusive em Faça a Coisa Certa, o filme-síntese de suas preocupações. O Plano Perfeito seria um deslize por deixar de lado esses temas. Eles não são o centro da história, mas estão lá, é só cavar um pouquinho. Dá para dizer sem estragar nada que um dos nós da história tem a ver com o nazismo e o Holocausto.
Falando em judeus (e nova-iorquinos), Woody Allen pode ter ido para onde está o dinheiro foi assim que justificou a troca de Nova Iorque por Londres em seus últimos três filmes , mas Spike Lee, não. Ele continua fiel à grande maçã. Um sentimento que a cidade parece retribuir. Lee consegue fotografá-la como ninguém. Ele foi o primeiro a filmar Nova Iorque depois do 11 de Setembro, chegando a usar as imagens dos feixes de luz azul instalados no local das torres do World Trade Center em A Última Hora. Logo na primeira tomada de O Plano Perfeito, não tem erro, aquela ponte é a do Brooklyn; aquele sujeito atrás do volante, de óculos escuros, é Denzel Washington; e o filme só podia ser de Spike Lee. GGGG
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