As cabeças por trás dos trailers de sucesso do cinema brasileiro

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Quantas vezes você se pegou vendo um trailer e tomou a decisão de assistir ao filme depois? Bingo! Os criadores do pequeno aperitivo de longa-metragem chegaram onde queriam. Fizeram você e mais uma boa parcela de espectadores comprarem o ingresso.

Agora, certamente você já deixou de assistir a muitos filmes porque não gostou do trailer... Para que isso não aconteça, existe toda uma estrutura por trás da produção desta isca. Nos Estados Unidos o cuidado é grande há muitos anos. Cada distribuidora tem seu setor responsável pela criação de trailers.

Só de 2002 para cá a nossa pequena indústria cinematográfica vem se preocupando com esta que ainda é a maior propaganda de um longa-metragem. Não por acaso, dois jovens com experiência no assunto se uniram para abrir em 1998 a primeira produtora brasileira especializada na criação de trailers. O primeiro trabalho do montador e diretor Ricardo Mehedff e do roteirista Marcello Serafim foi "Mauá - O Imperador e o Rei", de Sérgio Rezende.

A dupla é a cabeça criativa da V. Filmes (www.vfilmes.com), responsável pela realização de trailers das maiores bilheterias nacionais depois da retomada, como "Cidade de Deus", "Cazuza", "Olga", "Carandiru" e "Os normais". Eles também já trabalharam com Walter Salles nos filmes "Abril despedaçado" e "Diários de motocicleta", além de ter feito a versão nacional da chamada de "Sabor da paixão", co-produção Brasil e México com Murilo Benício no elenco. "Ele não aparecia no trailer original, quando chegou aqui, a distribuidora quis mudar", explica Ricardo.

Com sede no Rio de Janeiro, a produtora também fez o trailer de "2 filhos de Francisco - A história de Zezé Di Camargo e Luciano", que estréia esta sexta-feira em 333 salas do país. A chamada do longa ilustra bem a primeira linha desta matéria. Não há quem deixe de se emocionar e de exorcizar o preconceito com a música sertaneja. Ficam todos com vontade de assistir ao filme de Breno Silveira, da Conspiração.

- Se as pessoas ficam emocionadas é porque mostramos como o filme é - diz Ricardo Mehedff, que assume ter ficado satisfeito com o resultado do trailer, feito sem locução ou recurso de texto. - O filme por si só se sustenta e a melhor coisa que podíamos fazer era deixar a história fluir.

O trailer de "2 filhos de Francisco" é também um exemplo de como a mínima interferência do diretor do longa e dos produtores é essencial para um bom produto. A cena final com o show de Zezé Di Camargo e Luciano foi incluída de última hora não só a pedido da Globo Filmes, da Conspiração e da Columbia, mas porque eles, da V. Filmes, queriam respeitar os fãs da dupla sertaneja.

- O trailer todo conta a história de um pai que sonhava ver os filhos cantando. E só no show com eles de frente revelamos que é Zezé e Luciano no trailer. Não podíamos sacrificar uma parcela que não vai ao cinema, mas que gosta deles - explica Marcelo Serafim.