Uma mistura de música e dança ao som de obras de Nelson Cavaquinho e Candeia, além de considerações teóricas, é o que o músico e dançarino Antonio Nóbrega mostrará hoje em sua aula-espetáculo Mátria, uma Outra Linha de Tempo Cultural, que acontece no Teatro José Maria Santos, às 20 horas. A apresentação de Nóbrega faz parte da programação da Caravana Rumos Itaú Cultural, que iniciou ontem as atividades em Curitiba e segue com palestras, aulas e espetáculos até a próxima sexta-feira.
Nóbrega, que é natural de Recife e começou a estudar música aos 10 anos na Escola de Belas Artes da cidade, tem como ponto de orientação de seu trabalho a cultura brasileira, em especial a popular. "A ideia da aula é unir essas reflexões sobre a cultura brasileira com espírito de espetáculo. Não queria que ficasse algo seco, comigo só falando, como se fosse simplesmente uma palestra", disse o artista em entrevista por telefone à Gazeta do Povo de sua casa, em São Paulo.
Apesar de ter laços fortes com Recife, Nóbrega escolheu como casa a capital paulista, onde mora há 28 anos. "Sempre há coisas que não gostamos e acabamos reclamando, mas, no geral, me dou por satisfeito de viver aqui."
Instrumentos de corda como bandolim, violino e violão serão utilizados na aula, mesclados com as falas sobre dança, que trazem passos da capoeira, frevo e bumba meu boi. "No Recife, por conta das festas populares, convivemos muito com os cantadores, tem uma presença grande na vida do pernambucano".
Essa influência, porém, veio um pouco mais tarde, depois dos 18 anos. Anteriormente, Nóbrega ficou mais envolvido com o erudito aprendido na escola. Além da Belas Artes, também foi aluno do violinista catalão Luís Soler. "Uma professora da Orquestra Sinfônica do Recife me falou dele e fui atrás. Ele queria me tornar um concertista, mas acabei optando pela carreira de multiartista", recorda Nóbrega, que começou a estudar música incentivado pelo pai, João Almeida, que também inscreveu as outras três filhas em aulas de música.
"Ele é médico e sempre gostou muito de música. Nos incentivava para cultivar um pouco da arte, mas não para nos profissionalizarmos", conta.
O objetivo de seu pai não deu tão certo, já que Nóbrega seguiu carreira artística a vida toda. Uma de suas irmãs, inclusive, é flautista. Na juventude, ele somente deixava a linha erudita de lado para acompanhar as irmãs em um conjunto familiar, que tocava músicas populares nas rádios da época, como Beatles e a Jovem Guarda. "Tocávamos em restaurantes, em algumas festas e para a família. Batizamos o grupo de Irmãos Almeida. Pior impossível", relembra Nóbrega.
Desmembramento
O artista, que utiliza vários elementos folclóricos no seu trabalho, acredita que é necessário tirar a Capoeira, o Frevo e Fandango da "prateleira". "Eles ficam lá, hibernando, e só aparecem em momentos e ocasiões específicas. Quando, na verdade, essas manifestações transcendem esses limites onde nós os colocamos." Para ele, alguns movimentos de capoeira, por exemplo, poderiam ser desvinculados da luta para mostrar a riqueza dos movimentos corporais. "A capoeira é sempre vista como uma luta marcial. Mas ela é mais que isso; guarda uma multiplicidade de possibilidades, que carece de compreensão."
Serviço
Mátria, uma Outra Linha do Tempo Cultural. Aula-espetáculo com Antonio Nóbrega. Teatro José Maria Santos (Rua 13 de Maio, 655), (41) 3322-7150. Hoje, às 20 horas. Entrada franca. Os ingressos serão distribuídos uma hora antes da apresentação. Duração: 1 hora e 20 minutos.
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