Sou relutante em relação à grande maioria dos seriados de comédia. Não que não sejam engraçados, mas a claque os risos "espontâneos" que acompanham cada piada me tiram um pouco do sério no mau sentido. A claque tem uma função negativa dupla: ao mesmo tempo em que direciona o foco da comédia, de certa forma insulta a inteligência do espectador, como se não fôssemos capazes de entender uma piada quando vemos uma.
É um ato de coragem, portanto, uma comédia resolver prescindir da claque. Requer uma fé inabalável no material escrito, nos atores e também na funcionalidade das piadas, que acontecem sem que nada seja anunciado. O seriado Modern Family (Família Moderna, na tradução brasileira) que vai ao ar às segundas-feiras no canal pago Fox e que já está na segunda temporada, aposta nessa fórmula que, mesmo pouco explorada, costuma surtir efeitos positivos vide o sucesso de séries como Arrested Development e The Office.
Modern Family, como o nome diz, é uma série sobre uma família pouco ortodoxa. O avô, Jay Prichett o engraçadíssimo Ed ONeil, o Al Bundy de Married with Children após o divórcio, casa-se com a estonteante jovem colombiana Gloria (a modelo e apresentadora Sofia Vergara), mas precisa lidar com o filho da beldade, Manny, um colombiano de dez anos muito maduro para sua idade.
Prichett tem dois filhos: Claire Dunphy, casada com Phil Dunphy, um pai de família que acredita que a melhor estratégia é tentar ser o melhor amigo de seus três filhos Haley, a patricinha; Alex, a intelectual e Luke, o ingênuo e Mitchell, um advogado gay casado com o impagável Cameron (uma referência ao diretor gay John Cameron Mitchell?), que adotou Lilly, um bebê vietnamita. Personagens como esses, nas mãos dos roteiristas certos, podem render material para décadas.
A principal diferença do humor de Modern Family em relação ao das outras séries citadas está no clima. Não há o humor triste de The Office, ou a família disfuncional de Arrested Development, mas uma comédia alto astral, que mostra pessoas para quem não há nada mais importante do que a família. Também há algo de utópico: os personagens homossexuais não encontram preconceito nas ruas, o trabalho não distancia ninguém dos parentes e não faltam momentos de reconciliação para conflitos que se desenvolvem ao longo de um episódio, que sempre termina com uma mensagem positiva, ainda que com uma dose de cinismo.
A qualidade dos atores também merece destaque. Cada um tem sua própria personalidade, e não dependem de personagens "escada" para serem engraçados. O humor e também o mote da série parte do individualismo de cada um em oposição à coletividade da família, como quando Cameron quer ser desinibido, mas teme que Mitchell se envergonhe, ou quando Jay precisa relevar suas ressalvas sobre o genro Phil e passar um tempo com ele.
De certa forma, Modern Family mexe com alguns tabus da sociedade americana, como casamento interétnico, a paternidade gay e o amor entre pessoas de gerações diferentes. Não é à toa, portanto, que o título contenha a palavra "moderna". Fica a lição: os tempos mudam, as pessoas mudam. Relaxe e divirta-se.
Serviço
Modern Family. Todas as segundas-feiras, às 22 horas, na Fox.
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