Domicio Pedroso lança livro em que predominam suas abstrações a partir das favelas| Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo

"Domicio Pedroso, que é um descritivo e, portanto, um espacial, conta com palavras velhas uma sensibilidade nova que percorre toda a sua alma de jovem apaixonado pela natureza."

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A frase do mestre Guido Viaro extraído do texto do catálogo da exposição de estreia de Domicio Pedroso, realizada em 1958, na Biblioteca Pública do Paraná, é um dos primeiros comentários críticos publicados sobre a obra desse artista, que completa 62 anos de trajetória. A generosidade de Viaro, de quem foi aluno e com quem saía para pintar paisagens nos arredores de Curitiba, teve influência decisiva na formação do artista, que é considerado um dos pioneiros da arte moderna no Paraná.

O texto foi incluído no livro Domicio Pedroso: Variações em Torno do Tema, que será lançado hoje, às 17 horas, na Casa Andrade Muricy, junto com comentários críticos de Adalice Araújo, Ivens Fontoura, Aramis Millarch, entre outros.

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Organizado por Lenora Pedroso, filha do artista, a publicação de 200 páginas em papel couchê nasce com a intenção de corrigir a falta de obras sobre artistas pioneiros do modernismo no estado e, como escreve o professor e crítico de arte Fernando Bini, autor de textos analíticos e que recuperam a trajetória de Pedroso, "enfatizar que, paralelamente ao desenvolvimento como sujeito de si próprio e senhor de suas vontades e ações, o indivíduo é influenciado pelo seu meio e partícipe de um campo cultural no qual está inserido".

Afinal, Domicio Pedroso é "retrato de Curitiba: homem pacato, simpático e atuante", escreve Bini, um dos agentes intelectuais das grandes transformações que ocorreram no Paraná a partir do fim dos anos 50. Na década de 60, ele organizou e dirigiu o Centro Audiovisual para a Secretaria de Educação e Cultural do Estado do Paraná. Em 1973, criou o Salão de Exposições do Banco de Desenvolvimento do Paraná (Badep), onde durante dez anos foi curador da programação cultural. De 1981 a 1990, foi coordenador da Fundação Nacional de Arte – Funarte, para a Região Sul.

Favelas

Mas a arte se manteve sempre em primeiro plano em sua vida desde que, ainda criança, cercado de obras de arte colecionadas pelo pai, então Secretário de Educação e Cultura, esboçou suas primeiras pinturas. Mais tarde, a participação no grupo de artistas que lutava contra o academicismo dos salões, na década de 50, iria transformar suas paisagens.

Em uma temporada de dois anos de estudos no Rio de Janeiro, Domicio descobriu a beleza plástica das favelas, tema que o perseguiria pelas décadas seguintes. Bini define suas variações sobre o tema com belas palavras: "Suas cidades, onde alguns gostam de ver favelas, é metafísica, essencial, anônima, é a magia da luz filtrada pela memória, mas é também estrutura e espaço na superfície da tela para lembrar a poesia que surge das coisas comuns e banais".

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Serviço

Lançamento do livro Domicio Pedroso: Variações em Torno do Tema. Hoje, às 17 horas, na Casa Andrade Muricy (Al. Dr. Muricy, 915), (41) 3321-4798. O livro será distribuído aos presentes.