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David Lloyd, quadrinista inglês | Fotos: César Machado/Gazeta do Povo
David Lloyd, quadrinista inglês| Foto: Fotos: César Machado/Gazeta do Povo
  • Mural exposto durante a segunda edição da Gibicon, convenção internacional de quadrinhos

Um Cine Guarani lotado de fãs de David Lloyd, desenhista de V de Vingança e da emblemática máscara de Guy Fawkes, recebeu o bem-humorado e raramente aborrecido autor inglês para uma palestra sobre sua carreira. Entretanto, se o público esperava uma palestra mais direcionada ao caráter crítico de seu trabalho e saber o que o autor pensava dos desdobramentos que o personagem principal teve nas manifestações de junho de 2013, pode ter se decepcionado.

Lloyd focou seu discurso na defesa de projeto Aces Weekly, voltado à publicação virtual de histórias em quadrinhos (HQ’s) por assinatura e deu declarações severas contra a indústria da nona arte, inclusive, contra os próprios consumidores. "O problema são vocês, que amam papel", cutucou. Lloyd veio a Curitiba para participar da segunda edição da Gibicon – Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba, que se concentra, até domingo, no Museu Municipal de Arte (MuMa).

Para o autor inglês, os leitores tradicionais deveriam se permitir à leitura em uma tela de plasma. "O futuro é digital. Vejam: o que importa é o criador, o artista, o único fator importante para grandes histórias. Nós, os artistas, podemos ser reis."

O excesso de autopromoção do projeto de Lloyd e sua postura agressiva em relação ao impresso, "se a Marvel e a DC Comics migrassem para o formato digital, as pessoas não deixariam de ler, mas isso não irá acontecer por conta dos contratos de impressão ao longo prazo", levou uma parcela significante de pessoas a deixar a palestra. Antes, porém, ele indicou um trabalho de sua revista digital chamado Papai Noel Contra os Nazistas, de Benjamin Dickson. De sua produção recente, recomendou Valley of Shadows, "que se passa numa Los Angeles futurista onde o sol não brilha mais".

Palhinha

Quase ao fim, Lloyd resolveu falar do filme V de Vingança, dos Irmãos Wachowski. "Gostei, é um bom filme, com bom trabalho de atores. Entretanto, em meu mundo ideal, o filme seria mais próximo do original", disse. Ele também afirmou lamentar o destino do legado de George Orwell e de seu 1984, que originou o conceito de Big Brother, hoje lembrado apenas como um programa de um bando "de pessoas estúpidas" – algo que ele espera não acontecer com a simbologia da máscara de Guy Fawkes. "Espero que V de Vingança não vire uma piada." Um pedido, dada a peculiar apropriação intelectual dos tempos, difícil de garantir.

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