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Depois de expandir seu trabalho para a literatura, o cinema e o teatro, Lourenço Mutarelli, um dos mais importantes quadrinistas brasileiros, volta ao desenho com A Caixa de Areia ou Eu Era Dois em Meu Quintal, que está sendo lançado pela Devir Livraria.

A história contada no livro mescla experiências pessoais e alguns sonhos e devaneios do autor, tendo como personagens ele próprio, sua esposa e filho. "Não é algo tão autobiográfico, é mais uma brincadeira que inclui minha família. Em cima de uma realidade, de um cotidiano, tratei todos como personagens. Há coisas trivais, quase documentais mesmo", comenta Mutarelli sobre a nova obra, que ficou um ano parada por conta de seu envolvimento em outra áreas artísticas.

Em uma das tramas de A Caixa de Areia (144 págs., R$ 25), o desenhista fala da misteriosa aparição de seus brinquedos de criança nos pacotes de areia para o seu gato Nanquim. Na outra, dois amigos têm discussões existenciais em um deserto. "Particularmente, me fiz um desafio quase insuportável, que era desenhar coisas que não fossem muito estimulantes, como esse dois personagens que passam o tempo inteiro dentro de um carro. É sempre mesmo o enquadramento. Isso tornou o trabalho mais difícil", revela Mutarelli, que diz que o novo livro lhe deu novo gás para continuar desenhando quadrinhos – ao lançar a compilação Mundo Pet (de desenhos feitos para a internet), seu título anterior, chegou a dizer que pensava em abandonar a área. "É difícil parar de fazer quadrinhos. O que vou tentar é diminuir o ritmo, pois não consigo mais ficar desenhando 14, 16, 18 horas por dia, como antigamente", explica.

Cinema

Já está em fase de finalização a adaptação cinematográfica de O Cheiro do Ralo (Devir), primeiro livro de ficção de Lourenço Mutarelli – que também já lançou na literatura O Natimorto (DBA) e Jesus Kid (Devir). O filme tem direção de Heitor Dhalia (Nina), roteiro de Marçal Aquino (O Invasor) e Dhalia, e é protagonizado por Selton Mello (Lisbela e o Prisioneiro), que interpreta um antiquário de hábitos bem excêntricos, às voltas com o problema do cheiro do ralo de sua loja.

O escritor defende um dos personagens da fita. "É uma figura cômica, que tem uma participação boa no filme, não é uma figuração", conta Mutarelli, que havia feito uma ponta em Nina (não entrou na edição final) e atuado em um curta-metragem realizado na USP. Ele já viu O Cheiro do Ralo pronto e afirma que o trabalho ficou muito interessante. "Tem uma estética que talvez seja diferente do que as pessoas imaginam do livro. Mas acho que, depois de uns dez minutos de projeção, todo mundo vai entrar na viagem do filme, porque é muito fiel ao livro", continua, dizendo que deve participar da divulgação da produção. "Mudei minha medicação e estou muito sociável ultimamente. Eu iria colocar abaixo do meu nome em A Caixa de Areia ‘Agora sob nova fórmula’", diverte-se sobre a fama de ser um tanto tímido e arredio.

Recentemente, a participação no teatro valeu a Mutarelli uma indicação ao Prêmio Shell 2006 de melhor autor, pela peça O Que Você Foi Quando Era Criança. Ele já escreveu outro espetáculo, chamado Mau-Olhado, que está em pré-produção. "Estou para escrever outra peça. Agora, surgiu um argumento para um livro de quadrinhos, que me foi sugerido por uma pessoa; gostei muito da idéia, é um policial mais sério que o Diomedes (personagem de uma trilogia de quadrinhos que realizou) e estou decidindo se faço o desenho primeiro ou escrevo um novo romance", conclui.

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