Linha do Tempo
Conheça alguns episódios da carreira musical de Gebran Sabbag:
1943 Começa a tocar piano aos 11 anos. Faz apenas quatro aulas com o premiado pianista Cláudio Stresser (1936-1973), mas segue como autodidata.
1947 Estreia nos palcos do Clube Curitibano acompanhando um conjunto vocal de filhos de associados. "Já era uma tentativa de jazz", lembra Gebran.
1951 A convite de Waltel Branco, integra um quinteto que se apresenta na rádio PRB-2 (Rádio Clube Paranaense).
1954 Acompanha, ao vivo, o cantor mineiro Lúcio Alves no lançamento da música "Tereza da Praia", na rádio ZYZ-5.
1968 Participa do programa televisivo Festival das Quatro Grandes, às segundas-feiras, ao lado de vários artistas, que incluíam convidados especiais como Cauby Peixoto, Taiguara e Rosemary.
Show
Gebran Sabbag (piano), Cristina El Tarran (voz) e Hélio Brandão (sax)
Alberto Massuda (R. Trajano Reis, 443), (41) 3076-7202. Dia 27, às 21 horas. Couvert artístico: R$ 10.
A história do jazz em Curitiba nos anos 1950 e 1960, se contada direito, terá de registrar o nome de Gebran Sabbag. O pianista, nascido em Rio Negro em 1932 e desde o ano seguinte radicado em Curitiba, tocou com meio mundo em boates e clubes espalhados pela cidade naquela época. Entre aproximações e afastamentos, nunca parou de tocar. Mas só agora entrou em um estúdio para gravar, aos 81. Tarde demais? "Estou tocando como nunca toquei antes", garante Gebran, espalhando os dedos em uma mesa do Espaço Cultural Alberto Massuda, onde se apresenta semanalmente. "É um privilégio ter passado a vida espichando a mão."
Mas a música nunca foi sua ocupação principal. A família e a manutenção de eletroeletrônicos tomaram mais tempo. Basta dizer que entre seus maiores feitos profissionais na área está uma engenhosa sonorização para a missa do Papa João Paulo II no Centro Cívico, em 1980.
Há cerca de um ano, "uma FEM força eletromotriz" fez com que Gebran chegasse à sua estreia em estúdio em sua melhor forma. O músico, sem sair do ramo da eletrônica, prefere ser discreto sobre o assunto. Mas, em resumo, uma história de amor nova em folha voltou a lhe acionar "os solenoides" depois de um período de luto pela morte da esposa, Suely, em 2002. "Fiquei na minha por dez anos. Aos 75, nada mais fazia sentido. No ano passado, acordei."
Disco
Com sorte, a mesma memória que permitia a Gebran desenhar de cor os esquemas de válvulas das tevês antigas conseguiu cavar composições que integrariam o disco para o qual foi convocado pelo filho, o também pianista Jeff Sabbag. Quatro delas são acalantos de décadas atrás.
"Com sete nenês, você escuta a esposa cantando a vida inteira", conta Gebran. Completam o repertório do disco composições dos filhos, Jeff e Paulo, uma balada, uma canção para Santa Sara e uma peça agitada, ainda sem nome, que narra uma jogada de bola de meia com direito a canelada e recuperação narradas pela harmonia sinuosa do estilo de Gebran criado, aliás, de ouvido.
Autodidata, suas influências fundamentais chegaram pelo rádio: Nat King Cole, George Shearing, Erroll Garner, música popular. "Fui usando os sons que eu aprovava, e que muita gente não aceitava nos anos 1950", diz o pianista, que defende (e põe à prova, se tiver um piano por perto) que as teclas pretas têm muito mais brilho e frequências. "Sou contra as brancas."
Desde que estreou nos palcos, em 1947, Gebran tocou ao lado de músicos como Guarani Nogueira e Norton Morozowicz (no Ludus Tertius), Waltel Branco e Lúcio Alves (por ocasião do lançamento de "Tereza da Praia", de 1954, na rádio ZYZ-5). Grupos como o Tamba Trio e o Zimbo Trio eram visitas possíveis em sua casa.
Toda a criação que teria ficado represada ao longo desta história estaria borbulhando agora. "A composição está fluindo com mais facilidade", conta Gebran. "Deveria ter percebido isso há décadas."
O filho, Jeff, complementa. "Hoje, ele está mais jovem que quando tinha 65 anos. É incrível o piano na vida dele", defende. "E, na minha opinião, ele parou de usar excesso de conhecimento e só está usando as notas boas. Está escolhendo a dedo as melhores notas."
As pretas, diria o pai.
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