Que tédio... O Barão Vermelho lançou outro disco ao vivo, o quarto de sua carreira e o segundo em parceria com a MTV. Ou seja, é a enésima vez que os fãs vão ouvir hits manjados como "Declare Guerra", "Maior Abandonado", "Pro Dia Nascer Feliz". A pergunta, portanto, não poderia ser mais óbvia: por quê?
"Hoje em dia, todo mundo registra suas turnês e lança em disco. E o Barão ainda não tinha um show em DVD", justifica o guitarrista Fernando Magalhães, citando o produto audiovisual que acompanha o lançamento do CD.
Em 2004, o conjunto liderado por Roberto Frejat voltou à ativa após quatro anos de férias. Gravou um álbum de inéditas, auto-intitulado, e caiu na estrada para uma série de shows. De acordo com Magalhães, Barão Vermelho vendeu cerca de 50 mil cópias, um número acima da média para os padrões atuais. Se o CD teve uma boa carreira, qual o objetivo de emendar outro projeto na seqüência? "Além da oportunidade de fazer o DVD, existe um público novo que não conhece toda a história da banda", diz.
Gravado no lendário palco carioca do Circo Voador, MTV Ao Vivo Barão Vermelho é um disco duplo, com 27 faixas. Traz músicas dos anos 80 ("Bete Balanço", "Pense e Dance"), sucessos recentes ("Por Você", "A Chave da Porta da Frente") e releituras ("Vem Quente que Eu Estou Fervendo", "Tente Outra Vez"). Entre as versões, chama a atenção o "dueto" de Frejat com Cazuza (1958 1990), que aparece em um telão cantando "Codinome Beija-Flor". "A gente pensou em várias outras opções, mas chegamos à conclusão de que tinha de ser com o Cazuza mesmo", tenta explicar Magalhães. Seja como for, não deixa de ser umas idéias mais cretinas dos últimos anos.
Projetos paralelos
"Paramos porque não tínhamos nada a dizer naquele momento. Estávamos de saco cheio de nós mesmos. E voltamos com músicas novas, sem fazer parte desse revival dos anos 80", vangloria-se o guitarrista. Durante as férias, os integrantes do Barão Vermelho se atiraram em projetos paralelos. Magalhães gravou um Ao Vivo MTV com Gabriel O Pensador e montou o selo independente T-Rec. Rodrigo Santos (baixo) acompanhou o grupo Kid Abelha. Peninha (percussão) fundou a banda Gungala, que contou com uma força de Guto Goffi (bateria). Mas quem realmente se destacou foi Frejat, cuja carreira-solo foi bem-recebida por público e crítica.
De volta ao Barão, os cinco trataram de compôr músicas simples e diretas, parecidas com as do início da carreira do conjunto. Hoje, no entanto, o material que sai dos ensaios é bastante variado, como informa Magalhães. "Se fossemos gravar um disco de inéditas agora, teríamos caminhos bem interessantes para trilhar", afirma o guitarrista. Para ele, a melhor maneira de não fazer com que o grupo se torne uma mera profissão é buscar novas influências. "Eu comprei o CD que os Rolling Stones lançaram este ano, mas não deixo de ouvir, também, as bandas novas, como o Oasis", diz, talvez sem saber que o Oasis já tem mais de dez anos de carreira. GG