As tensões e os prazeres de um passado a três

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O grupo paulistano Teatro da Vertigem está em Curitiba até domingo (27) para apresentar uma proposta de certa maneira inusitada dentro de sua bem-sucedida trajetória, que soma 17 anos. Os atores Sérgio Siviero, Roberto Audio e Luciana Schwinden sobem ao palco do Teatro da Caixa para realizar a leitura de História de Amor (Últimos Capítulos), texto do dramaturgo francês Jean-Luc Lagarce, com direção de Antônio Araújo.Esse espetáculo, que tem duração de 60 minutos, realizado dentro de um teatro, de fato, contrasta com muitas das propostas anteriores do grupo, sobretudo no que diz respeito ao cenário. BR-3 foi encenada na Baía da Guanabara e também sobre o Rio Tietê. O Livro de Jó estreou dentro de um hospital e Apocalipse 1,11, em um presídio.

A diretora assistente da companhia, Eliana Monteiro, afirma que História de Amor, diferentemente de outras peças montadas pelo grupo, é uma proposta focada no texto. Mas isso, uma peça focada no texto, não significa que a visceralidade temática (marca registrada do Teatro da Vertigem) tenha sido deixada de lado. "Ao contrário. História de Amor é contundente", diz Eliana.

O espetáculo problematiza os impasses que envolvem dois homens e uma mulher, interpretados por Sérgio Siviero, Roberto Audio e Luciana Schwinden. Os dois homens envolveram-se emocionalmente com a mulher e, dez anos depois, os três se encontram e sofrem os efeitos, agradáveis ou não, desse passado em comum.

Simultaneamente, diz Audio, o texto de Lagarce também fala sobre um outro triângulo: a relação entre um dramaturgo, um diretor e um ator. "Lagarce produziu um texto complexo, que tem mais de uma camada. Diz respeito a amor, mas também é uma celebração do teatro e do processo criativo", afirma Siviero.

Luciana avisa que o texto de Jean-Luc Lagarce, que será lido pela trupe no palco do Teatro da Caixa, está disponível (sem nenhum custo) na página da internet do grupo, www.teatrodavertigem.com.br.

Os atores, que estão em Curitiba desde a última quarta-feira (23), dizem, em coro, que – apesar da proposta ousada do Teatro da Vertigem – eles procuram desenvolver uma arte que dialoge tanto com o espectador que conhece e frequenta sistematicamente teatro como também com o sujeito que não tem muito repertório em artes cênicas. "Se uma pessoa sai do conforto de sua casa, e dirige-se a um teatro, essa pessoa está com vontade de conhecer algo novo. Isso é valioso. O teatro, a arte, acontece justamente pela interação dos atores com o público, seja especializado ou não", diz Luciana, avisando que, após o final da apresentação, o elenco possivelmente dialogará com a plateia.