Filme
Avanti Popolo
Cinemark Mueller (Av. Cândido de Abreu, 127 Centro Cívico), (41) 3322-0296. Hoje e amanhã, às 21h25. R$ 18 e R$ 9 (meia-entrada). Classificação indicativa: 12 anos.
Para assistir a Avanti Popolo, que estreia hoje em Curitiba, é preciso um bocado de coragem. Não que seja um filme ruim: muito pelo contrário. Com o bombardeio de imagens (muitas) a toda velocidade, propiciadas pelo fato de a Copa do Mundo estar acontecendo no Brasil, nossos sentidos andam nos cascos, prontos a assimilar informações audiovisuais sem muito refletir sobre seus sentidos. E o longa-metragem de Michael Wahrmann, cineasta uruguaio-israelense radicado em São Paulo, nos exige um pé no freio, um desacelerar, para que possamos desfrutá-lo.
Embora à primeira impressão muito pouco aconteça em Avanti Popolo, a intuição é enganadora. Há um tanto de subtexto, de sentidos sugeridos pela narrativa, que exigem do espectador a vontade, e o esforço necessário para desvendar as entrelinhas de uma trama que é, na superfície, quase nada.
A história se passa em um bairro de classe média baixa de São Roque, município próximo de São Paulo. André (o pesquisador de cinema André Gatti), um sujeito evidentemente à deriva, retorna à casa do pai, vivido pelo cineasta Carlos Reichenbach (1945-2012), um homem que há 30 anos vive em compasso de espera. Ele aguarda em vão o retorno de outro de seus filhos, que desapareceu durante a ditadura militar.
Esse aguardar sem fim, alimentado pela angústia e pelo desconsolo, fez da casa um espectro de uma vida que aos poucos deixou de ser, coberta pela poeira do tempo, pelo bolor, encapsulada pela não aceitação da perda.
Nostalgia
Ao chegar, André é recebido com indiferença: ele não é, afinal, o herói tão aguardado. Obrigado a dormir na sala, o rapaz encontra objetos que remontam à infância e à juventude dele e do irmão: esse período, que parece soterrado, vem à tona quando ele encontra, e começa a projetar, filmes em super-8, levados a um técnico para que sejam recuperados o cinema surge aqui não apenas como um suporte para a memória, mas como uma alegoria enganadora. Ele traz de volta ao presente lembranças remotas, as presentificando. Mas essa experiência não é redentora. Está tudo morto.
O confronto de André e seu pai com essas imagens aos poucos vai deixando claro que o perdido é irrecuperável, os ideais se esfacelaram, deles sobrando apenas fragmentos, meros ecos. Mas Avanti Popolo não chafurda na melancolia passivamente: há humor e ironia sob as cinzas.
Wahrmann não constrói seu filme a partir da desilusão, do ressentimento. Olha para esse passado de utopias, de canções de protesto, de hinos revolucionários, sem muita nostalgia. Ele parece ter consciência de que vivemos outros tempos, pós-utópicos, onde o pragmatismo dá o tom. E é preciso seguir em frente, apesar de tudo. GGG
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