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Carlos Dengler, mais conhecido como Carlos D., baixista e tecladista da melancólica banda nova-iorquina Interpol, deixou de lado a sua autodenominada fase hedonista. "Eu era superbaladeiro", disse ele. Mas há quase um ano ele se deu conta, "eu vivia daquele jeito, sabe. Cansei daquela onda de 'onde vai ser a próxima festa?' e 'qual é o próximo bar da moda?' e 'vou me arrumar pra tal evento'. Realmente perdi a motivação para esse comportamento". Além disso, ele acrescentou: "Acho que aproveitei tudo que tinha direito. Foi intenso".

Nenhum dos integrantes do Interpol tem saído muito, apesar da velha reputação do quarteto de comportamento questionável em presenças assíduas nos bares de Lower East Side. Tudo bem, eles até deram uma festinha depois do show "surpresa" que fizeram, com vendas esgotadas, recentemente no Bowery Ballroom. Mas foi em um restaurante, o Spotted Pig. E ainda assim, o vocalista do grupo, Paul Banks, voltou para o hotel para terminar de assistir a um filme. Estar "sóbrio", disse Daniel Kessler, o guitarrista, "torna-se cada vez mais interessante".

Sobretudo agora, quando a Interpol se prepara para o lançamento de "Our love to admire" (pela gravadora Capitol), terceiro álbum da banda e o primeiro em um selo de peso, previsto para 10 de julho. Apenas alguns anos depois de contribuírem para uma nova injeção de ânimo na cena rock de Nova York, muitas bandas parceiras – entre elas Strokes e Yeah Yeah Yeahs – frustraram comercialmente. A Interpol foi alvo de ávido interesse de grandes gravadoras desde o seu primeiro álbum, "Turn on the bright lights" (2002).

"Quando fechamos contrato, eles eram provavelmente a banda norte-americana mais popular em cena", disse Andrew Slater, ex-diretor executivo da Capitol. "Acho que esta pode se tornar a banda mais importante que Nova York já lançou em muito, muito tempo".

O primeiro single do próximo álbum, intitulado "The heinrich maneuver", está subindo nas paradas da "Billboard" de modern rock, e uma apresentação na mais recente edição do festival Coachella Valley Music and Arts Festival deu o que falar (bem e mal).

"É uma banda sensacional de se trabalhar, pois são extremamente profissionais", declarou Chris Lombardi, co-presidente da Matador Records, o selo independente que lançou os dois primeiros álbuns da banda. "Eles sem dúvida tinham um objetivo traçado. Adotaram uma visão macro e avançaram cuidadosamente para alcançar o crescimento na carreira a cada nova etapa".

Kessler formou a banda em 1998 depois de conhecer Dengler na New York University, onde ambos estudavam. Banks, que conheceu Kessler durante um curso na França, foi o próximo a entrar para o grupo. A banda sobreviveu a mudanças na formação (Sam Fogarino, atual baterista, entrou em 2000) e nos pêlos do rosto (mais no caso de Kessler e Dengler).

Nos primeiros anos, era tão raro para uma banda de Nova York se destacar que bares como o Bowery Ballroom organizavam apresentações promocionais. A Matador contratou o Interpol em 2001, depois de Lombardi ter ficado impressionado com a "angularidade" da música da banda naquele evento.

"Não era uma banda de rock 'n' roll de bêbados e babacas", disse ele. "É raro reunir-se pela primeira vez com uma banda e todos estarem vestindo terno".

Mesmo com um estilo marcante, o Interpol ainda teve de lutar com altos e baixos, desde os efeitos de dificuldades naturais e a saída de Slater (demitido pouco depois de a banda ter fechado com a Capitol), até ter de lidar com as expectativas mais elevadas ligadas à estréia em uma grande gravadora.

"Quanto melhor você se sai, mas difíceis ficam as coisas, porque estamos nos arriscando mais e saindo da mediocridade", disse Fogarino. Em três entrevistas durante dois dias, em meia dúzia de locais sem álcool nenhum, os integrantes da banda falaram sobre ambição e os perigos da fama, para humanos e bichos. (Dengler está preocupado que o seu galgo italiano chamado Gaius, estrela da publicidade, esteja perturbado com tanta atenção).

Contudo, não quiseram falar sobre os ternos.

"Desde o início houve muita atenção despropositada em diversas características da banda, e uma delas é sobre o que vestimos", disse Banks. "E nós não ligamos pra isso. Tanto que todos nós decidirmos nos unir pelo lado formal das coisas".

A formalidade se estende ao modo como os integrantes interagem. A banda é regida por um tipo de democracia imposta, com exceção das letras obtusas ao estilo barroco ("I'm a pit bull in time" ou "por enquanto sou um pit bull"), escritas apenas por Banks. (Pouca gente, incluindo os companheiros de banda de Banks, parecem conseguir detectar as inspirações dessas músicas).

"Nossa química é bastante complicada", declarou Kessler, "mas acho que todos nós entendemos como iremos coordenar essa tábua de ouija juntos de agora em diante".

Eles fazem isso mantendo ocupações individuais. Nos intervalos da atual turnê mundial, os membros da banda planejam se recolher e trabalhar em projetos solo: Kessler está aprendendo a tocar piano; Fogarino tem outra banda, a Setting Suns; Dengler está produzindo um filme e compondo trilhas sonoras; e Banks está aprendendo a ser mais zen.

"Não estamos nos expondo da mesma maneira", disse Dengler. "Adoro brincar com as expectativas dos outros".

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