Serviço
Tulipas Negras
Contos de Dalton Trevisan, Paulo Venturelli, Oneide Diedrich e Marisa Villela. Os livros da quarta edição estão disponíveis gratuitamente no Museu Guido Viaro (R. XV de Novembro, 1.348, Centro), (41) 3018-6194.
O jornalista e escritor Marcio Renato dos Santos sempre gostou de marcar encontros com seus entrevistados no charmoso café do Paço da Liberdade. Quando chegou para conversar com a Gazeta do Povo sobre a quarta edição do projeto Tulipas Negras que distribui gratuitamente pequenos livros-conto, foi logo avisando: "essa deve ser a última entrevista sobre o Tulipas este ano." O motivo: ele está um com sentimento de missão cumprida, pois entre os últimos quatro livros está o conto "O Velho Poeta", de Dalton Trevisan, publicado originalmente na obra O Anão e a Ninfeta.
Por enquanto, o Tulipas Negras, que sempre buscou reunir nomes de veteranos com iniciantes, e começou no final de fevereiro de 2012 com distribuição dos livretos na Quadra Cultural, ficará paralisado até 2014. Santos não pretende mais publicá-los da forma como saem hoje em pequenos quatro livretos independentes (ilustrados por Marciel Conrado), tudo custeado com dinheiro do próprio bolso. "Nunca quis colocar em edital, o Tulipas nasceu com a intenção de ser algo divertido, e não um compromisso."
Apesar de ficar feliz com a recepção e aceitação do Tulipas, o número de escritores que começou a procurá-lo ficou volumoso demais. Para tentar sair pela tangente, o escritor inventou uma patrocinadora portuguesa que seria a responsável por financiar o projeto. "Isso tranquilizou um pouco a minha vida, joguei uma cortina de fumaça e me livrei das pressões de pessoas querendo saber quando sairia o segundo."
Quando decidiu que faria o próximo número, o escritor resolveu convidar Dalton Trevisan. Afinal, tanto o projeto como o nome, vêm de Dalton. "O desejo da escrita geralmente começa com o conto, e a ideia do Tulipas era falar sobre o interesse pelo gênero." Além disso, o nome Tulipas Negras, que seria uma espécie de sociedade secreta de homens que se vestiam de mulher e saíam pelo carnaval de Curitiba, é citado no famoso texto "Em Busca de Curitiba Perdida".
Santos contou com a intermediação do escritor Guido Viaro, neto do grande pintor moderno do Paraná, que mantém um museu com o acervo do avô e é próximo de Trevisan, para fazer o convite. "Mas ele não aceitou." Mesmo assim, vieram as segundas e terceiras edições, sempre com o sentimento de "essa é a última vez", principalmente por conta do acúmulo de trabalho com suas funções na Biblioteca Pública do Paraná e com o lançamento de seu livro mais recente, golegolegolegolegah!.
Insistência
Nesse meio tempo, porém, ele nunca desistiu de tentar conseguir algo de Trevisan, até que o escritor avisou que ele poderia escolher qualquer conto da obra dele para ser publicado no Tulipas Negras. "De cara pensei em O Velho Poeta. É um conto forte. E eu consegui realizar um sonho." Por ora, Santos vai se dedicar a um novo livro e a cuidar do filho Vitor, de 4 anos. Futuramente, pretende reunir esses 16 escritores participantes em uma edição única, numa espécie de "celebração ao conto."