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O Atlético de 1973: no destaque, Didi Pedalada | /Arquivo Gazeta do Povo
O Atlético de 1973: no destaque, Didi Pedalada| Foto: /Arquivo Gazeta do Povo

O atacante Didi Pedalada jogou pelo Atlético Paranaense em 1973. Gaúcho de Bagé, já tinha já tinha passado por Cruzeiro (MG) e Internacional (RS) antes de reforçar o Furacão que tinha Madureira e Sicupira como destaques. Com fama de raçudo, gostava de aplicar o drible (hoje marca de Robinho) que lhe valeu o apelido.

Em 1979, com seu nome de batismo, Orandir Portassi Lucas, e já como agente da Polícia Civil, tornou-se um dos primeiros agentes de órgão de repressão da ditadura a receber uma condenação judicial. No livro “A Ditadura Acabada”, lançado nesta sexta-feira (03), o jornalista Elio Gaspari narra o caso com detalhes.

Em novembro de 1978, o jornalista gaúcho Luiz Cláudio Cunha, então repórter da sucursal da revista Veja em Porto Alegre, recebeu um telefonema anônimo que o alertava que um casal uruguaio, morador da capital gaúcha, tinha sido sequestrado pelos militares. Cunha, ao lado do fotógrafo João Baptista Scalco, foi até o endereço indicado pela denúncia.

Lá flagraram agentes uruguaios e brasileiros numa ação clandestina, que fazia parte da Operação Condor — a não declarada rede de cooperação das ditaduras do Cone Sul —, mantendo em cárcere privado os militantes da oposição uruguaia Universindo Rodríguez Díaz e Lílian Celiberti, e seus dois filhos.

A presença da imprensa abortou a operação e o casal foi libertado. Em seus depoimentos, Universindo e Lilian acusaram Didi Pedalada de tortura.

CONDENAÇÂO

O sequestro interrompido foi o único ato dos dez anos da Operação Condor a ganhar publicidade.

Em 1980, a Justiça condenou os dois policiais brasileiros daquela ação: João Augusto da Rosa e Didi Pedalada, ambos a serviço do Dops gaúcho, em um dos primeiros casos de condenação por abusos e violência de agentes da repressão da ditadura.

Didi Pedalada foi suspenso por seis meses de suas funções na Polícia e impossibilitado de exercer cargo em Porto Alegre por dois anos. Mesmo assim, recebeu uma menção honrosa da Secretaria de Segurança gaúcha. Em 1983, voltou à ativa e foi promovido para escrivão até se aposentar. Didi Pedalada faleceu em 2005, vítima de parada cardíaca.

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