Não é fácil classificar Sr. e Sra. Smith. Doug Liman, diretor que conseguiu revigorar o thriller político com o inteligente Identidade Bourne, fez do filme estrelado por Brad Pitt e Angelina Jolie um estranho híbrido de comédia urbana, ação e romance, embaralhando elementos dos três gêneros. Embora a mistura pudesse ser indigesta, o resultado é até bastante interessante.
Tendo como mote a disputa de forças entre um casal bem-sucedido, Sr. e Sra. Smith comunica-se com uma tradição do cinema norte-americano clássico: a guerra entre os sexos. De Costela de Adão (1949), estrelada por Spencer Tracy e Katharine Hepburn, a Guerra dos Roses (1989), com Michael Douglas e Kathleen Turner, Hollywood sempre encontrou na batalha entre homens e mulheres um filão rentável e provocativo. Afinal de contas, essa será uma temática de eterno interesse na vida real.
O enredo do filme de Liman tem como ponto de partida uma sessão de terapia de casal. John (Pitt) e Jane Smith (Jolie) respondem a perguntas íntimas e pessoais feitas por um interlocutor invisível. Aos poucos, à medida em que ouvem as respostas um do outro, eles percebem estar mesmo vivendo uma séria crise conjugal. A paixão dos primeiros tempos, iniciada em meio a uma revolução na Colômbia, arrefeceu e a rotina tomou conta de suas vidas, afastando-os emocional e fisicamente.
O que ambos desconhecem, no entanto, é que tanto um quanto o outro esconde um segredo fundamental: são assassinos de aluguel treinados e, no momento, estão trabalhando para facções inimigas.
A rotina instaurada no dia-a-dia de John e Jane sofre um abalo sísmico justo quando a verdade vem à tona de forma dramática suas próximas missões são eliminar um ao outro. A tarefa os leva a passar metade do filme tentando se matar. O irônico é que, em meio a tiros, socos e pontapés, acabam se reapaixonando.
Diálogos afiados, situações insólitas (e inverossímeis) e uma direção segura, que sabe aonde quer conduzir a história, fazem de Sr. e Sra. Smith um filme atípico. O fato de Brad Pitt, então casado com Jennifer Aniston, e Angelina Jolie terem se envolvido romanticamente em meio às filmagens acrescenta uma química explosiva à essa fórmula.
O melhor, no entanto, fica por conta da coragem do filme de defender, em plena era Bush, marcada pelo conservadorismo cristão, a destruição da domesticidade, da idéia do lar convencional, para a construção de uma relação de amor verdadeira. É apenas quando a casa dos Smith literalmente desmorona que a relação entre os dois encontra uma razão forte o suficiente para sobreviver e enfrentar o que vem pela frente. Pensando bem, isso é quase saudavelmente subversivo nos tempos atuais. GGG
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