O ar-condicionado do estúdio I parecia estar mais frio do que nunca. O diretor do programa "Linha Direta Justiça", Márcio Trigo, demonstrava estar atento a cada detalhe da gravação da cena em que o capitão Wilson Luiz Chaves Machado, interpretado pelo ator Eriberto Leão, é atendido no fictício Hospital Miguel Couto depois ser "vítima" de um atentado. O episódio retratado é o da explosão da bomba do Riocentro em 1981, no dia em que acontecia uma festa no local, com shows de artistas populares.

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- Esse caso está sendo programado desde o começo do ano. É um fato da nossa história muito importante e que merece ser lembrado, pois muita gente não sabe o que aconteceu de verdade. Fomos atrás de testemunhas para isso, para juntar as peças - diz Márcio sobre o atentado do Riocentro, caso a ser mostrado no dia 29 de setembro no programa "Linha Direta Justiça", da Rede Globo, e gravado nesta terça-feira.

O gélido ar-condicionado do estúdio talvez possa ser comparado ao clima do período que antecedeu a abertura política do Brasil, em 1985. O regime militar deixava claro, entre alguns sobreviventes e muitos desaparecidos, que chegava ao fim. O atentado serviu para adiantar o processo de mudança política, que culminaria, enfim, numa democracia. Nesta época, Márcio estava em Brasília e lembra que o caso foi um choque para a sua adolescência. Até porque ele era um estudante ativista e participava de protestos contra a ferrenha ditadura militar do momento e lutava pela aceleração da sonhada abertura política. A democracia começava a mostrar a cara.

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- Foi muito chocante, eu poderia estar naquele show em comemoração ao Dia do Trabalhador. Por isso é relevante mostrar que esse atentado, teoricamente resolvido, é uma boa história para se contar às novas gerações - afirma ele.

Eriberto Leão faz coro com o diretor. O ator, que foi escalado para interpretar o capitão Wilson Luiz Chaves Machado, ainda era muito pequeno em 1981. Mas guarda na memória o acontecimento que aconteceu durante o mandato do então presidente general João Batista Figueiredo.

- Tinha apenas nove anos, mas me lembro perfeitamente desta explosão, que a princípio queria culpar a esquerda. Mas até hoje não temos uma resposta clara do que aconteceu, mesmo sabendo que a direita teve um envolvimento direto com o acontecimento - declara o ator.

Para fazer o papel, Eriberto foi buscar explicações racionais a fim de entender o que leva uma pessoa a praticar um ato de violência, mesmo que ele seja contra qualquer ato do tipo.

- O meu personagem acreditava naquilo, ele fazia parte das minorias que não desejavam de forma alguma a abertura política. Mas não sou a favor de nenhuma forma de violência ou terrorismo. Acredito extremamente no poder da palavra. Temos que tentar mudar a nação através de idéias - diz.

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- Eu preciso de um minuto - disse.

Jeson voltou e disse que tinha tomado outros rumos.

- Algo muito forte veio em minha mente. Lembrei da carta que minha ex-mulher (Rosimara dos Santos Souza) escreveu no dia dos Pais como se meu filho tivesse escrito - contou no momento que tirou essa carta do bolso.

Segundo ele, a atitude da ex-mulher em pedir a familiares que não falasse mal dele e o conteúdo dessa carta o fizeram mudar de idéia.

- Não quero mais fazer minha ex-mulher sofrer - afirmou.

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O advogado disse se tratar de uma correspondência na qual Rosimara escreve - como se fosse Jhéck - que o culpa pela separação do casal.

Na carta, o menino dizia que amava muito o pai. Rosimara também escreveu uma declaração de amor ao ex-marido. Ele já tinha me falado dessa carta, mas em nenhum momento manifestou que desistiria do pedido por causa disso.

- Estou surpreso como vocês - disse.

Jhéck é vítima de uma doença degenerativa que aos poucos está paralisando seu corpo. Ele não fala, não anda, não movimenta braços e pernas e sobrevive com a ajuda de aparelhos no Hospital Unimed, em Franca, onde está internado há quatro meses, sem previsão de alta. O médico do Centro de Tratamento Infantil (CTI) do hospital afirmou que o menino poderá viver anos de modo vegetativo.

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