Cinema
Veja este e outros filmes no Guia JL.
É curiosa a trajetória de Liam Neeson. Grosso modo, atores hollywoodianos trocam (ou tentam trocar) os filmes sem prestígio pelos de prestígio ao longo da carreira. Com ele, deu-se o contrário.
Depois de estourar com um papel dramático em A Lista de Schindler (1993), ele foi aos poucos refugiando-se em um nicho de filmes B de aventura e suspense, com produção e ambição modestas.
Aos 61 anos, enquanto outros atores estão sonhando com o Oscar, ele se tornou um herói de ação como mostram os dois Busca Implacável e Desconhecido, filmes genéricos até em seus títulos.
Nessa constatação, não há condenação. Até porque em geral os filmes são dignos, e Neeson mostra-se confortável em seu novo papel, com seu tipo corpulento e sua interpretação sem firulas.
O suspense Sem Escalas, seu novo filme nessa seara, que estreia neste fim de semana nos cinemas (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo), segue a toada dos anteriores: roteiro que empacota clichês do gênero com competência, direção segura e básica (do espanhol Jaume Collet-Serra) e, no caso, uma coadjuvante de luxo (Julianne Moore).
Neeson é Bill Marks, agente federal que cuida da segurança em aviões. Durante um voo de Nova York a Londres, ele começa a receber uma série de mensagens no celular dizendo que um passageiro será morto a cada 20 minutos caso não haja uma transferência para uma conta bancária.
Marks suspeita de cada passageiro e tripulante. Ao mesmo tempo, é suspeito para a tripulação e as autoridades.
A partir dessa dupla desconfiança (e do estado de insegurança aérea pós-11 de setembro), Collet-Serra constrói um suspense eficiente, que prende atenção. Mas a resolução se revela francamente decepcionante, um truque de roteiro mal engendrado.
Por conta do final, Sem Escalas não consegue se separar dos muitos filmes B com que trombamos na tevê a cabo ou que são lançados diretamente em DVD. Mesmo com o bom, sólido e veterano Neeson como diferencial.