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Entrevista
"Tenho sorte de encontrar bandas nesse estágio de criatividade"
Em junho, durante a gravação do álbum da Audac, o produtor Gordon Raphael conversou com a reportagem da Gazeta do Povo:
Por que você escolheu produzir a Audac?
Porque imaginei que nossa energia e habilidades iriam se dar bem juntas. Não tinha ideia de como eles eram bons ao vivos até vê-los em um show em Florianópolis. A Audac toca e canta fantasticamente bem e eu não tinha me dado conta disso até o show daquele dia.
Qual a diferença entre produzir uma banda grande, como a Strokes é hoje, e uma como a Audac?
Quando conheci os Strokes, eles eram uma banda desconhecida no East Village, em Nova York. Lembre-se disso. Eles eram garotos muito jovens que tinham pisado poucas vezes em um estúdio. Tenho a sorte de, frequentemente, encontrar bandas nesse estágio inicial e especial em que há pura energia e criatividade. Até mesmo Regina Spektor era assim quando eu a conheci e trabalhei com ela.
Gordon Raphael, produtor
Poucos ouvintes da Audac acreditariam que a trilha sonora que embalou a entrevista concedida pela banda em seu "QG", em um apartamento no Centro de Curitiba, foi Cake, banda norte-americana engraçadinha, expoente do western rock. Isso porque o quarteto curitibano, que lança hoje o primeiro disco, encontrou seu caminho talhando o synthpop, flertando com o shoegaze e brincando de lo-fi (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).
Desde 2009, quando surgiu, a Audac tem uma identidade inimitável. Além da confluência de estilos, já perceptível no EP Bunker (2011), as apresentações ao vivo são classudas e maduras, tanto faz se em São Paulo, abrindo para o Tame Impala, ou na calçada da Trajano Reis. Tendo tudo isso à sua disposição, o produtor norte-americano Gordon Raphael responsável pelos discos Is This It (2001) e Room on Fire (2003), dos Strokes não teve lá muito trabalho no estúdio Ouié/Tohosound, em Florianópolis. Era só dar um pouco mais de corda no que já caminhava sozinho.
"Ele fez com que nós nos ouvíssemos mais", diz Alyssa Aquino (vocal/sintetizadores). "Gordon botou fé na dinâmica do grupo e sugeriu que gravássemos o álbum ao vivo", conta Pablo Busetti (bateria). A banda, que também tem Debbie Salomão (vocal/baixo) e Alessandro Oliveira (guitarra), ex-Copacabana Club, gravou seu disco com a colaboração financeira de fãs e amigos que bancaram um projeto de R$ 16.950 no site colaborativo Catarse.
O disco
Um prelúdio noventista pense na trilha de abertura de Twin Peaks, de Angelo Badalamenti abre o disco. Das oito faixas do mini-álbum, duas ("Brian May Coin" e "The Bow River") são totalmente inéditas. As ótimas "Distress", escolhida para participar da PopLoad Sessions, projeto do jornalista Lúcio Ribeiro, e "Back to the Future", que ganhou clipe com a trupe do Rasputines Estúdio, já eram conhecidas.
O disco mantém o DNA Audac, mas oferece novas possibilidades. Por exemplo, as cores pop de "Dark Side" e os vocais ousados (e doces) de Debbie em "Brian May Coin", música mais orgânica, que deixa a programação eletrônica em segundo plano.
"The Bow River", faixa que poderia ser tanto do The xx quanto do Metronomy, surgiu dentro do estúdio. "Fomos cuspindo e foi saindo", resume Busetti. "O fato de o pessoal perceber vários estilos em uma música é porque todos têm muitas influências diferentes."
Panelão
Outra prova da originalidade da Audac é sua "independência" da dita panelinha de bandas e artistas que se formou em Curitiba recentemente. "Nós não fomos excluídos, mas começamos a fazer parte da cena bem mais tarde", diz Alyssa. Para Pablo, a possível panelinha poder virar um caldeirão. "Se existe essa panela, ela irá adotar uma banda saudável que está crescendo e acontecendo, como a gente. Existe uma simpatia mútua porque sabemos da dificuldade de fazer uma carreira. Aí, tudo vai virando um grande panelão."
A Audac mostra ao vivo as músicas de seu disco com show no James Bar, hoje à noite. E convida tanto a "panelinha" quanto quem está fora dela.
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