O autor intelectual do ataque nos Jogos Olímpicos de Munique, em que 11 atletas israelenses morreram, disse na terça-feira que não se arrependia e que o novo filme de Steven Spielberg sobre o incidente não traria a reconciliação.

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O diretor de Hollywood chamou "Munique", que mostra o ataque de 1972 e a represália de Israel contra os membros da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), de sua "oração pela paz".

Mohammed Daoud planejou o ataque em Munique em nome do grupo da OLP Setembro Negro, mas não tomou parte e não aparece no filme. Ele se disse ultrajado por não ter sido consultado para o thriller, e acusou Spielberg de favorecer o Estado judaico.

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- Se ele realmente quisesse fazer uma oração pela paz, ele deveria ter escutado ambos os lados da história e refletido a realidade, em vez de servir apenas ao lado sionista - disse Daoud.

Daoud disse não ter visto o filme, que será exibido fora dos Estados Unidos no próximo mês. Mas destacou que Spielberg havia feito exibições em Israel, onde algumas pessoas acusaram "Munique" de faltar com a exatidão histórica.

Vários historiadores israelenses também reclamaram do que vêem como uma simetria moral no filme entre os atletas olímpicos assassinados e os palestinos mortos pelo serviço de espionagem israelense Mossad.

- Spielberg mostrou o filme para as viúvas das vítimas israelenses, mas ele negligenciou as famílias das vítimas palestinas - disse Daoud. - Quantos civis palestinos foram mortos antes edepois de Munique?

O ataque de Munique foi "um dos momentos centrais do terrorismo moderno", disse o Los Angeles Times na semana passada. Já Daoud usou termos diferentes.

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- Não alvejamos civis israelenses - disse. - Alguns deles (os atletas) participaram de guerras e mataram muitos palestinos. Seja um pianista ou um atleta, qualquer israelense é um soldado.

A produtora de Spielberg, Kathleen Kennedy, disse a uma platéia na Universidade de Princeton que um consultor palestino trabalhou em "Munique". Ela não disse quem ele era.

"Eu realmente acho que gastamos uma quantidade enorme de tempo discutindo e nos esforçando para dar uma visão honesta e equilibrada dos palestinos que estavam envolvidos na história", disse ela, segundo uma transcrição oficial do evento.

Os historiadores destacaram que "Munique" mostra os assassinos do Mossad caçando 11 membros da OLP, enquanto outrosdepoimentos dizem que o total de mortos palestinos chegou a 18.

Daoud sobreviveu a um atentado na Polônia em 1981, que ele atribui ao Mossad. Embora Israel tenha lhe dado permissão para visitar a Cisjordânia ocupadadepois dos acordos de paz de 1993, e de os veteranos do Mossad dizerem que as represálias tinham acabado, Daoud disse que ainda se sentia ameaçado.

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- Quando escolhi, há muito tempo, ser um combatente revolucionário, eu me preparei para ser um mártir. Não tenho medo, porque as almas das pessoas estao nas mãos de Deus, nao nas de Israel - disse.