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"Roberto, leia o livro!" Esse é o apelo do jornalista Paulo César Araújo, autor de "Roberto Carlos em detalhes", biografia não-autorizada do cantor que foi proibida pela Justiça e retirada de circulação nas últimas semanas.

"Se ele se desse esse tempo... Como ele entende de amor, ia ver o quanto há de amor em cada página desse livro, que é unânime nesse quesito entre fãs e críticos. Se a gente tivesse ficado frente a frente antes, isso poderia ter sido diferente. Foram 15 anos tentando uma entrevista com o Roberto", desabafa Paulo.Nesses 15 anos, foram mais de 200 entrevistas e estudos sobre todos os discos do cantor - tratado por Paulo como ídolo. Decepcionado, o autor de "Roberto Carlos em detalhes" admite que ainda não se conformou com a decisão da Justiça.

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"Continuo lamentando, chorando. O pior é ver uma barbárie dessas diante de argumentos tão frágeis de invasão de privacidade de um artista que tem vida pública há 40 anos. Nenhum trecho teve a veracidade questionada pelos advogados. O que eu vivi naquela audiência foi surreal. Vi um trabalho de 5 anos ser queimado em 5 horas. Saí de um pesadelo e estou encarando a realidade", admite ele, que afirma que a vida pessoal de Roberto representa apenas 10% do livro.

"Nos Estados Unidos, a cada ano tem uma biografia da Madonna ou do Elvis Priesley, mas lá o que ganha é o direito a informação. Se eu tivesse o caluniado, tudo bem. Mas achar que vai destruir o livro é utopia. A sociedade está reagindo por caminhos mais modernos", diz Paulo sobre a mobilização de fãs e da crítica especializada em editoriais de jornais, blogs e comunidades no Orkut em seu apoio.

A polêmica já fez o livro ser leiloado em sites da internet. O número de falsos exemplares anunciados para download se multiplica desde a decisão da Justiça. "É uma reação natural contra a barbárie. Isso aqui é um assassinato cultural", enfatiza o autor, que compara o episódio com a tragédia retratada no filme "Farenheit 451", pelo francês François Truffaut, de 1966, quando um governo opressor de uma sociedade futurista proíbe a literatura, como forma de tentar manter o controle da opinião pública.

"Ele é do bem"

Mesmo que a sua primeira experiência cara a cara com Roberto tenha sido na fatídica audiência judicial, Paulo César acredita que conhecer pessoalmente o cantor e poder lhe falar sua opinião sobre o caso possa pesar a seu favor. "Para ele esse livro era de um cara que ele não sabia quem era, um cara que julgava ser um mero oportunista. Falei com ele de coração aberto", conta.

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Na audiência, o autor chegou a propor que o Rei cortasse o que julgasse ofensivo no livro para reeditá-lo e sugeriu ainda abrir mão dos direitos autorais em favor do cantor para rebater a acusação de que quisesse se beneficiar com a intimidade do ídolo. Roberto Carlos, no entanto, disse que poderia pensar nisso depois, mas o acordo do recolhimento valeria por ora.

"Acho que ele é do bem e eu também sou do bem. Não foi ele quem mudou a música (É Preciso Saber Viver) para dizer 'se o bem e o bem existem'?. Ainda dá tempo para ele pensar melhor, estamos no calor da hora. Só posso esperar que o bom senso prevaleça."

Sentença

"Pela primeira vez, o cantor e compositor Roberto Carlos, maior ídolo da música popular brasileira, tem sua trajetória revelada sem cortes", diz o anúncio do site da Editora Planeta, que continua com a obra em sua página principal, apesar de ter recolhido os 11 mil exemplares que ainda não havia vendido da primeira edição e enviado a Roberto, como o acordado na Justiça.

Foram impressos 33 mil exemplares do livro - 22 mil haviam sido vendidos e 11 mil estavam no estoque. Com o acordo, a Planeta vai interromper a impressão e a venda do livro e recomprará os exemplares já distribuídos para as livrarias num prazo de até 60 dias. Depois disso, Roberto Carlos poderá comprar quantos exemplares encontrar, com ressarcimento da editora pelo dinheiro gasto nisso, até o limite de R$ 2.000,00 mensais, num período de um ano.

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