"As Aventuras de Azur e Asmar" é magia pura. O diretor de animação Michel Ocelot, cujo "Kiriku e a Feiticeira" foi um sucesso enorme de bilheteria e de crítica na França em 1998, agora criou uma história oriental equivalente a contos como "Aladim e a Lâmpada Maravilhosa".
Ele conferiu a seu misto instigante de fantasia e aventura um ponto de vista contemporâneo, ao enfatizar a importância da fraternidade e da compreensão entre raças e religiões de ambos os lados da linha que divide Oriente e Ocidente.
Ocelot afirma que não faz filmes para crianças, porque, como ele observa com toda razão, as crianças não se interessam por filmes feitos estritamente para elas. Fiel a esse princípio, "Azur e Asmar" funde um design de arte altamente sofisticado com uma história de magia e inocência infantis que vai atrair pessoas de qualquer idade que tenham a mente aberta.
Na Europa medieval, uma ama de leite árabe, Jenane (dublada por Hiam Abbass), cria dois "filhos" num castelo feudal. Um deles é seu filho de sangue, Asmar, um garoto de olhos e cabelos escuros, e o outro é o loiro Azur, filho do senhor do castelo.
O severo pai de Azur separa os dois garotos antes de chegarem à adolescência, expulsando Asmar e sua mãe e deixando-os entregues à própria sorte.
Já adulto, Azur (Cyril Mourali) nunca se esqueceu das histórias que Jenane lhe contava sobre sua terra natal e a bela Fada dos Djinns, que é mantida em cativeiro e precisa ser resgatada por um príncipe. Ele embarca num navio para chegar a essa terra, mas um naufrágio o leva a um lugar cujos habitantes o rejeitam por causa de seus olhos azuis, vistos como sinal de maldição.
Fazendo-se passar por cego, Azur pede que um ladrão, Crapoux (Patrick Timsit), o guie até a cidade, onde ele reconhece a voz de Jenane vinda de uma mansão. Ela agora virou uma comerciante rica e recebe com amor o filho há tanto tempo perdido. Mas Asmar, que virou um cavaleiro intrépido, rejeita seu irmão de criação.
Sempre rivais, os dois irmãos partem para libertar a Fada dos Djinns. Jenane, que continua a evitar o favoritismo, financia cada um deles igualmente. Suas viagens os levam a enfrentar bandidos e traficantes de escravos. Azur e Asmar acabam salvando a vida um do outro mais de uma vez até que, juntos, penetram no Salão das Luzes, onde a fada aguarda a chegada do seu verdadeiro amor.
Sem ser baseada em qualquer conto árabe em particular, a história criada por Ocelot funde imagens e histórias clássicas da Pérsia e do norte da África. Combinando animação em 2D e 3D, ele evoca a arquitetura oriental - com seus mosaicos, jardins formais e a repetição de motivos e simetria - com personagens brilhantemente coloridos.
As perseguições e lutas são excitantes e frequentemente são mostradas em perfil. Vários seres fantásticos têm participações chaves, como o Leão Escarlate, com garras azuis, e o Saimourh, uma espécie de pavão voador que transporta pessoas por distâncias imensas.
Ocelot não coloca legendas nos diálogos em árabe, deixando o espectador ocidental com um senso de deslocamento e incompreensão. O destaque dado às barreiras culturais e linguísticas entre pessoas de crenças diferentes insere a história num contexto muito moderno. Mas o filme transmite sua mensagem sobre a importância da empatia e da compaixão com o mais leve dos toques.
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