Parece que foi ontem... Uma platéia em delírio na edição de 1996 do Festival de Brasília vibrava com a saga do libanês Benjamin Abrahão (Duda Mamberti), mascate responsável pelas únicas imagens de Virgulino Ferreira, o Lampião, vivo. Pois é. Dez anos se passaram e os responsáveis por nos trazer, não só o retrato raro de uma parte importante da história do Brasil como também os precursores do que hoje assistimos do cinema pernambucano, vão presentear o público com o primeiro DVD de "Baile perfumado".
Lírio Ferreira e Paulo Caldas negociam o lançamento do longa-metragem para o segundo semestre. Quem sabe em novembro, na próxima edição do Festival de Brasília. Para delírio dos fãs, será relançado junto com o CD da trilha sonora. E é impossível dissociar toda a estética de "Baile perfumado" das músicas assinadas pela nata do mangue beat, como o falecido Chico Science e Fred Zero Quatro (do mundo livre s/a), que uniram a tradição nordestina com a modernidade proposta pelo filme.
Ainda às voltas com a divulgação de "Árido movie", que percorre festivais internacionais como o Cineport, em Porto (Portugal), Cannes (fora de competição) e agora no Festival de Cinema Brasileiro em Miami, Lírio Ferreira conta como será o DVD de 10 anos de "Baile perfumado". Como, por exemplo, a inclusão de making-of. O filme foi realizado em um período em que equipes exclusivas para gravações das filmagens nos sets, entrevistas com a equipe ou acompanhamento da pré-produção não faziam parte do briefing de um longa-metragem.
- Temos imagens de arquivos do "Diário de Pernambuco" e de uma produtora apenas. Mas estamos resgatando esse material e querendo fazer uma análise com as pessoas que participaram do filme - conta Lírio.
O cineasta pernambucano reconhece o valor de seu filme como a quebra do monópolio das atenções para o eixo Rio-São Paulo. Hoje, para ele, outros cineastas do Recife estão em produtivo movimento graças à "Baile".
- O filme colocou Recife na geografia cinematográfica do Brasil - resume o diretor.
No embalo do sucesso de crítica e público de "Árido movie", (que na falta de uma grande jogada de marketing assistem ao filme pelo boca-a-boca), o cineasta ainda dá conta da finalização do documentário sobre o sambista carioca Cartola.
- Acabou sendo minha descoberta do Rio - conta o diretor, morador da cidade há dez anos. - Descobri o samba, o Rio como capital federal, além de ter mergulhado na figura genial de Cartola.
O filme, a princípio uma mistura de ficção e documentário, possui imagens raras de Cartola, sua relação com a escola de samba criada por ele, a Mangueira, e depoimentos de amigos do músico morto em 1980. As únicas cenas ficcionais do filme são do menino Pedro Paulo interpretando o sambista durante sua infância no bairro de Laranjeiras, no Rio.
Lírio tem dificuldade em classificar o gênero do seu filme. Documentário? Ficção?
- O lado ficcional vem na montagem. De como optamos por mostrar a vida de Cartola. Mas é difícil classificar. Se quer chamar de documentário pode chamar... Queria romper essas categorizações. Ficção pode muito bem dialogar com o documental - diz Lírio, que deve lançar o filme no Festival do Rio, em outubro, e no dia 11 do mesmo mês, aniversário de Cartola, pretende fazer uma apresentação especial na quadra de samba da Mangueira.
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