"Vocês não passam de velhos bêbados barrigudos tocadores de blues". A descrição, digamos, pouco lisonjeira, foi registrada por um visitante no blog Atire no Dramaturgo, do escritor e dramaturgo Mário Bortolotto, em tom de desdém à sua banda de rocknblues Saco de Ratos. Chateados? Imagina. Os músicos não só adoraram a maneira como sua essência foi traduzida naquelas palavras, como se apropriaram delas no subtítulo do álbum de estreia, Saco de Ratos - Velhos Bêbados Barrigudos Tocadores de Blues.
O trabalho serve de mote para o show que o grupo apresenta hoje e amanhã, no palco do Centro Cultural São Paulo. Saco de Ratos nasceu há três anos sob o signo do improviso, dos pés fincados no blues e das letras escrachadas ao sabor de grupos como o Velhas Virgens.
"Temos gostos musicais muito parecidos. Gostamos também do mesmo tipo de literatura, aquela mais marginal", conceitua o vocalista Bortolotto, um dos principais compositores da banda. Mais conhecido por suas incursões literárias, poéticas e dramatúrgicas (até maio, seu texto Música Para Ninar Dinossauros esteve em cartaz no Espaço Parlapatões), Mário Bortolotto compõe desde moleque, acumula cerca de 100 músicas na gaveta e tem passagens por outros grupos. Com sua voz de 'blueseiro', ele ajuda a realçar o clima de boemia e marginalidade das músicas.
"Tem gente que ama muito, mas depois quer se livrar do amor/ Pra conseguir um novo amor/ Ou pra conseguir a vida que tinha antes do amor", ele canta em "O Amor é Foda" (sua parceria com os músicos da banda). A atmosfera 'feeling blue', no entanto, encontra o contraponto no rock, em canções como "Boêmios Errantes" e "Todo Errado".
Envolvidos com vários projetos ao mesmo tempo, Bortolotto, Fábio Brum(guitarra), Marcelo Watanabe (guitarra), Fábio Pagotto (baixo) e Rick Vecchione (bateria) preferem definir repertório do show, ali, no calor da hora, sem ensaios prévios ou elaborações complexas do set list. "Pretensão com a banda a gente até tem. Mas a gente não sabe se leva a sério", brinca o dramaturgo.
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