"Bang Bang", a novela das sete que estréia nesta segunda-feira (3) promete inovar. A começar pelo estilo: como o próprio título indica, é um faroeste mesmo, o primeiro a ser encenado na TV brasileira. Em segundo lugar, os personagens atendem por nomes sugestivos como Penny Lane, Ben Silver, Kid Cadillack. E, como se não bastasse isso, tem um elenco pra lá de inusitado, com artistas como Fernanda Lima, Jece Valadão, Paulo Miklos, Luiz Melodia e Sidney Magal.
Tantas novidades não são para menos: a estréia marca a volta do inventivo autor Mario Prata aos folhetins, depois de passar 20 anos bem longe da caixinha de ilusões. O último trabalho dele foi "Um sonho a mais".
- A minha principal referência para a novela são os filmes de bangue-bangue. Desde criança sou apaixonado por faroeste, e na novela, temos situações, locações e personagens básicos que precisam existir em qualquer faroeste que se preze. Temos saloon, cadeia, bandido, mocinho - explica Prata.
A história se passa em Albuquerque, uma típica cidade do velho oeste americano, no ano de 1881. Mas, apesar de suas muitas peculiaridades, "Bang Bang" carrega os traços mais tradicionais de uma trama de novela: mocinhos e vilões bem definidos, uma chacina, a passagem de tempo, o herói que volta para se vingar e, claro, se apaixona perdidamente pela filha do inimigo. Isso tudo recheado com o humor característico de Prata, que incluiu no roteiro referências irônicas à situação política brasileira, como casos de corrupção e medidas provisórias. O autor só não gosta muito que comparem sua novela a "Que rei sou eu?", como andam fazendo alguns atores e jornalistas:
- Vou brincar com alguns problemas da situação política brasileira, mas não é exatamente uma sátira. Além disso, "Que rei sou eu?" é uma novela, "Bang bang" é outra. Não tem como comparar - avisa .
Foi para dar mais veracidade a esse universo que o autor optou por dar nomes em inglês a seus personagens. Mas a imaginação dele não se limita à reconstituição da verdade: ele gosta de fazer brincadeiras com liberdade. Um exemplo é a escolha do nome da personagem de Alinne Moraes:
- Sempre quis chamar uma personagem de Penny Lane. Ouvia a música dos Beatles que tinha esse mesmo nome na adolescência e, como não entendia inglês, imaginava uma menina linda - admite Mário. Na verdade, Penny Lane é o nome de uma rua da cidade inglesa de Liverpool onde os Beatles costumavam brincar quando crianças.
Na gaveta há 20 anos, a idéia de fazer uma história com pano de fundo num faroeste acabou por acaso na TV. Prata não sabia se seria um filme, uma série ou uma peça. Foi depois de uma conversa com o diretor Luiz Fernando Carvalho que surgiu a vontade de transformar o roteiro numa novela. Juntos, chegaram à conclusão de que a estrutura narrativa de um faroeste e a das novelas das sete é bem parecida. Porém, Carvalho acabou se comprometendo com outros projetos, então Ricardo Waddington assumiu a direção. Acostumado a comandar folhetins açucarados que mergulham profundamente no cotidiano, o diretor experimenta pela primeira vez o gostinho de estar à frente de um western com jeitinho brasileiro. Ele, que gravou as primeiras cenas da novela no deserto do Atacama, no Chile, parece inteirado do assunto e explica o que está por vir:
- Estamos trabalhando com o faroeste que os filmes americanos nos venderam, mas não há intenção de reproduzir o western propriamente dito. Atribuímos a esse universo um olhar nosso, com uma certa latinidade. Queremos fazer uma novela com a cara da gente. Não existe western espaguete? Então, o nosso é feijoada.
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