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Há mais de 12 mil anos, os povos indígenas perceberam que alguns tipos de solo, quando misturados com a quantidade certa de água, formavam uma massa fácil de ser moldada na forma de bacias, jarros e outros objetos. Deixados ao sol ou queimados no fogo, eles ganhavam rigidez e se transformavam em utensílios domésticos. Esses artefatos hoje estão entre as peças arqueológicas mais antigas encontradas no mundo e narram a história da ocupação da Floresta Amazônica.

O princípio empregado pelos indígenas continua essencialmente o mesmo. Ganhou refinamento, não apenas técnico, mas também conceitual. É o que provam cerca de 240 objetos de cerâmica que serão expostos no 1.º Salão Nacional de Cerâmica. A mostra abre hoje, às 20 horas, no Cietep (Centro Integrado dos Empresários e Trabalhadores das Indústrias do Paraná) para demonstrar centenas de variações que a atividade milenar ganha no mundo contemporâneo.

Novo Salão

O evento substitui o Salão Paranaense de Cerâmica, mostra bienal que, no decorrer de suas 17 edições, colocou Curitiba no mapa, ao reunir o melhor da produção de cerâmica no país. Criado na década de 80 pelo Museu Alfredo Andersen (MAA), o evento cresceu em abrangência temática e participação de artistas e público.

A nova edição institucionaliza sua abrangência nacional e incorpora algumas atividades e premiações do evento precedente. Os ceramistas puderam inscrever seus trabalhos em três categorias, cada uma concedendo três prêmios no valor de R$ 6 mil. "A divisão esteve antenada com as diferentes aplicações da cerâmica nas artes, na cultura popular e na indústria. É o único salão do gênero a contemplar todas essas áreas", explica a diretora do MAA, Roseli Fischer Bassler. Os nomes dos vencedores já são conhecidos e seus respectivos prêmios serão entregues na cerimônia inaugural de hoje.

Na categoria artística, todos os laureados são paranaenses: Elisa Maruyama, Ivanilde Sopchenski Santos, Gláucia Flügel e Márcio Medeiros – os dois últimos dividindo um dos prêmios. No quesito design, que julga a aplicação dos projetos para a indústria, a comissão julgadora reconheceu dificuldades para eleger os melhores, sugerindo a criação da categoria de desenho artístico para atender à produção utilitária de pequena escala. Foram contemplados R. Luiz Pellanda Jr. e a dupla Eliane Kawata e Luis Evers, do Paraná; e Cristiane Aun, de São Paulo. Na premiação popular foram apontados nove trabalhos, três para cada uma das subcategorias – religiosa, folclórica e utilitária-decorativa.

Congresso

Paralelamente ao salão, será aberto, amanhã, às 20 horas, também na Cietep, o 1.º Congresso Nacional de Cerâmica. "Na última edição do Salão em 2004, em meio à grande procura, foi sugerido um congresso nacional sobre o tema. Conseguimos levar a iniciativa adiante", conta Roseli Bassler.

O evento irá reunir ceramistas de sete estados do Brasil para promover palestras, debates e 26 cursos abertos à participação do público. Também foram convidados especialistas da Argentina e do Peru. A conferência inaugural será ministrada pelo pesquisador Teixeira Coelho, que deverá falar sobre as relações entre a cerâmica e a cultura. Na oportunidade, será inaugurada, também, a Feira de Arte Cerâmica, com expositores mostrando as últimas tendências na área.

Serviço: 1.º Salão Nacional de Cerâmica. Cietep (Av. Comendador Franco, 1.341 – Jardim Botânico), (41) 3222-8262. Hoje, às 20 horas. Visitação, de 25 a 28 de maio, das 9 às 20 horas e de 29 a 8 de junho, das 9 às 18 horas. Entrada franca. Informações: www.pr.gov.br/maa.

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