O grupo Antropofocus recebeu uma boa notícia. E uma má. Por um lado, souberam que sua peça, Pequenas Caquinhas, estava indo tão bem que o teatro decidiu mantê-la por mais um mês em cartaz. Poucos segundos depois de comemorar a novidade, eles se tocaram de um pequeno problema. "Isso quer dizer que a gente vai ter que trabalhar no Carnaval?", perguntaram os incrédulos membros da trupe. Iam mesmo. A viagem ficou para o próximo feriado.
Embora muitos grupos parem para o feriadão, alguns decidiram enfrentar bravamente a labuta e faturar uns trocados a mais. "A gente já faz apresentações no Carnaval há três anos", diz Moacir David, diretor e ator de Fantasias Conjugais 2, que atravessa o fim de semana no Teatro Lala Schneider. Segundo ele, o público pode ser até maior do que em fins de semana comuns. "Tem muita gente que não gosta de festa. A peça é uma alternativa", comenta.
Marino Jr., diretor e ator de O Auto da Compadecida, em cartaz no Guairinha, concorda. Para ele, a decisão de trabalhar no feriado veio bem antes da data. "Quando aceitamos o convite para fazer a temporada no Guaíra, já sabíamos que ia ser direto", revela o diretor, lembrando que ninguém nem pensou em recusar a oportunidade por causa disso. "A vida de artista é muito insegura. Às vezes, é melhor pegar um trabalho bacana, garantido, do que ir para a festa", opina.
Marino acredita que será beneficiado por ter seu espetáculo sendo apresentado no mais tradicional teatro da cidade. "Tem bastante gente de outras cidades que vem para cá no feriado, visitar a família ou conhecer a cidade. Acaba querendo conhecer os monumentos, os lugares importantes. E, no caso de um teatro, nada melhor para conhecer o local do que assistir a uma peça", afirma ele.
O grupo liderado pela atriz Pagu Leal e pela diretora Sílvia Monteiro foi ainda mais corajoso. Decidiu estrear a temporada de sua nova peça, Quero Falar mas a Tempestade não Deixa, justamente na semana que antecede o Carnaval. Fez um ensaio aberto na terça-feira e desde quarta começou as sessões regulares. Parar agora, nem pensar. Até porque, no caso delas, a idéia é preparar a peça também para apresentações no período do Festival de Teatro de Curitiba, quer vai de 16 a 26 de março. Nada melhor do que aproveitar o prazo até lá para ir aprimorando o espetáculo.
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