B.B. King completa 80 anos nesta sexta-feira, é o maior bluesman vivo, mas ainda precisa tocar 300 dias por ano para ganhar a vida.
- Não tive a sorte de alguns músicos de rock'n'roll. Um monte deles vai para a estrada por três ou quatro meses e depois param por dois ou três anos. Nunca consegui fazer isso, sou um cantor de blues. Nós, músicos de blues, não somos muito populares, não tocam nossas músicas como fazem com outros estilos. Aprendi cedo que eu tinha que ir pessoalmente levar minha música porque as pessoas não a recebem pelo ar. Por isso não me aposento, não posso me dar este luxo - disse ele numa entrevista dentro de seu ônibus de turnê em Atlantic City, a poucas horas de um show no House of Blues.
Nascido numa plantação de algodão em Bena, Mississippi, a 16 de setembro de 1925, King acha um milagre estar vivo aos 80 anos depois do que passou.
- Chegar aos 50 já parecia difícil para mim. Cresci no campo, não tínhamos remédios, médicos e hospitais como na cidade. Dirigi caminhão, trator, colhi algodão, arei com mulas. Naquela época, se a gente não tivesse brancos que se importassem conosco, não haveria mais negros no Mississippi. Um branco podia matar um negro quando quisesse que nada lhe acontecia. Mas tinha muitos brancos que defendiam a gente. Tive sorte - conta ele. King acrescenta que, ao longo da vida, esteve em 18 acidentes de carro, mas nunca se machucou seriamente.
Hoje, ainda tem boa saúde, embora sofra de diabetes e já não consiga mais fazer um show inteiro de pé.
Depois da Segunda Guerra, Riley King resolveu seguir sua vocação musical, pegou carona até Memphis, onde conseguiu emprego de disc jockey na rádio WDIA. Lá começou a mostrar que tocava guitarra e cantava, daí conseguiu gravar com o lendário Sam Philips, antes de ele fundar a gravadora Sun Records, de onde saíram Elvis Presley, Johnny Cash e Carl Perkins, entre outros. O primeiro disco dele, pelo selo Bullet, de Nashville, tinha quatro músicas. "Ainda lembro das faixas. Eu estava casado, então uma delas era "Miss Martha King", depois "How do you feel when your baby packs up to go", "Take a swing with me" e "I've got the blues". Em Memphis, ele ganhou o apelido de "The Beale Street Blues Boy", o garoto do blues da Rua Beale, o famoso reduto de clube de blues de Memphis, encurtado para Blues Boy, que ele abreviou e acrescentou seu sobrenome: B.B. King.
Centenas de discos depois, seu 80º aniversário está sendo comemorado com um CD duplo com alguns de seus primeiros sucessos pela gravadora Virgin, a Universal lança "B.B. King and friends - 80", com ele ao lado de discípulos como Eric Clapton, Van Morrison, Mark Knopfler, Elton John e Sheryl Crow. E ainda o livro "The B.B. King treasures", cheio de fotos, programas, e todo tipo de lembranças da carreira dele. King passa o aniversário nesta sexta na sua casa em Las Vegas. Vai ter festa? "Não planejei coisa alguma. Nada mesmo," arremata.
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