Há mais de 60 anos na estrada, o rei do blues, o norte-americano B.B. King, disse na quarta-feira à noite que está cansado, que os dedos não são mais os mesmos para acariciar a inseparável guitarra e que vai parar com as apresentações internacionais.
Mas o olhar, a fala fácil e os incontáveis elogios às "moças" presentes na coletiva traem o tal cansaço do bluesman.
Para este mito de 81 anos, nascido no Mississipi em plena época da forte segregação racial, o blues é uma coisa só: "Vida", o que explica tudo. E o que leva da carreira? "Os amigos e o calor dos fãs."
B.B. King escolheu o Brasil, onde já esteve sete vezes, para encerrar sua carreira internacional, com quatro shows em São Paulo, que têm início nesta quinta-feira (30), e mais Curitiba (dia 5) e Rio de Janeiro (dia 7).
Chamada de "The Farewell World Tour", a turnê mundial de despedida aposenta suas incursões pelo mundo e não elimina, porém, apresentações e gravações em seu país.
"Nunca diga nunca mais", afirmou sobre seu futuro, citando frase do personagem James Bond, dita pelo ator escocês Sean Connery em um dos filmes do agente secreto inglês 007. "Não vou parar completamente, vou tocar até o último dia... espero", disse ele, que em outubro ganhou seu 14º Grammy.
Se é um rei? Ele se esforça para ser humilde. "Não me sinto um rei, sou um cara que gosta de tocar guitarra." Falando com a experiência de quem já se apresentou em 90 países, contou que a escolha do Brasil para se apresentar no exterior pela última vez veio da boa comida e, claro, da beleza das mulheres.
Ele diz que contorna o cansaço - chegou em uma cadeira de rodas à entrevista por conta de dores na coluna - com noites bem dormidas. Disse ainda que não toma bebidas alcoólicas, não fuma, mas se permite um copo de um bom vinho se leva uma garota para jantar.
King fez suspense quanto ao repertório que interpretará nos shows brasileiros -"algumas canções antigas e algumas novas, para atingir mais pessoas, os jovens, seus pais e também os avós". Mas o público pode ter certeza que terá apresentações eletrizantes ao acompanhar o estilo de um músico que sempre foi fiel ao blues - que, no seu caso, pouco tem da tristeza que a palavra significa.
Quanto às músicas brasileiras, só lembrou de uma: "Garota de Ipanema", a canção nacional mais tocada no exterior em todos os tempos. Entre os possíveis seguidores, citou o também norte-americano Robert Cray e não deixou de rasgar elogios ao britânico Eric Clapton.
King diz que não gosta de falar de política e antes que uma pergunta sobre o tema fosse terminada, brincou ao esconder o rosto sob a toalha da mesa à sua frente. Mas não resistiu e disse que votou na eleições legislativas deste mês (o voto é facultativo nos EUA) e, sem revelar qual o partido de sua preferência, deu todas pistas.
"Na última eleição houve mudanças importantes e isto é positivo", apontando para um apoio à vitória dos democratas, que derrotaram os republicanos do presidente George W. Bush na Câmara e no Senado.
Quanto à guerra do Iraque, disse ser contra todas as guerras, desde a Segunda Guerra Mundial, que viveu. "As pessoas devem dialogar, não guerrear", sentenciou o romântico pacifista.
Os ingressos para a apresentação em Curitiba estão à venda no Teatro Guaíra.
Sob o comando de Alcolumbre, Senado repetirá velhas práticas e testará a relação com o governo
Barroso nega pedido da OAB para suspender regra do CNJ que compromete direito à ampla defesa
Trump barra novos projetos de energia eólica nos EUA e pode favorecer o Brasil
“Não acreditamos que haja sobreviventes”, dizem autoridades dos EUA; número de mortos sobe para 28
Deixe sua opinião