Nova Iorque A Criança (L Enfant), de Luc e Jean Pierre Dardenne, emocionou a platéia que lotou o Lincoln Center para assistir ao novo trabalho dos irmãos cineastas, apresentado esta semana na 43.ª edição do Festival de Cinema de Nova Iorque. O filme, ganhador da Palma de Ouro no último Festival de Cannes, é mais uma investida dos Dardenne nas temáticas político/sociais que vêm seguindo desde o perturbador La Promesse, de 1996, sobre trabalho semi-escravo de imigrantes ilegais na Bélgica.
Rosetta de 1999, que também lhes deu a Palma em Cannes no mesmo ano aborda a desumanidade e a indignidade do desemprego. O Filho, de 2002, aborda um drama pessoal, tendo como pano de fundo a classe operária dos artesãos. A Criança, por sua vez, segue a mesma linha ao retratar as mazelas sociais dos marginalizados pela sociedade belga. A história acompanha Bruno, um jovem desajustado que vive de pequenos roubos e trambiques pelas ruas, acompanhado de sua namorada, Sonia. Quando o bebê do casal nasce, ele vende o filho por cinco mil euros e, pressionado por Sonia, inicia uma luta para recuperar a criança. Acaba preso.
Os diretores contam que a idéia para o filme surgiu da observação de uma jovem mãe passeando com seu bebê, um pouco a esmo e sem uma direção aparente. "Ficamos conjeturando sobre a ausência do pai, o que poderia ter acontecido com aquela família e resolvemos realizar o filme", diz Luc, sempre o mais falante dos dois.
Os Dardennes concebem de modo comovente os dois personagens centrais vivendo à margem da sociedade. A concepção minimalista se traduz numa das principais qualidades do filme, que em nenhum momento deságua no sentimentalismo gratuito ou numa premeditada intenção de manipular emocionalmente o espectador. Se o envolvimento emocional acontece ele decorre do desamparo do casal, na maior parte das vezes através dos seus momentos de silêncio, da falta de perspectivas e do quanto são descartáveis numa sociedade que os ignora.
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