| Foto: Mark Kohn/Divulgação

Favoritos

Anúncio dos vencedores será feito na noite de hoje

Com o anúncio dos vencedores dos Ursos de Ouro e Prata hoje à noite, em todos os locais da capital alemã o comentário geral é sobre quais títulos ganharão os cobiçados troféus.

Embora considerando que premiações sempre podem trazer surpresas, alguns títulos lideram a bolsa de apostas. Até o fechamento desta edição, – ainda faltava ser exibido o francês Elle S’en Va, de Emmanuelle Bercot, estrelado por Catherine Deneuve – o maior favorito era Gloria, do chileno Sebastian Lélio, o mais aplaudido das prévias para a imprensa e ovacionado na sessão para o público.

O filme – um drama tocante sobre uma mulher de meia-idade em busca do amor e da felicidade – também lidera no júri da revista especializada de cinema Screen, com o maior número de estrelas.

Alguns outros também estão sendo falados e têm chances: o francês Camille Claudel 1915, de Bruno Dumont; o romeno Child’s Pose, de Calin Peter Netzer; o russo A Long and Happy Life, de Boris Khlebnikov; e o bósnio An Episody in the Life of an Iron Picker, de Danis Tanovic.

Palpites à parte, outro ponto importante a ser considerado é que Wong Kar-Wai, que preside o júri, é conhecido pelo perfil humanista, ligado ao romance e aos dramas da vida, o que aumenta as chances de Gloria. Entre os atores, embora não haja um grande nome em destaque, há chances para Matt Damon em Terra Prometida, de Gus Van Sant. O ator, mais uma vez, coloca seu talento a serviço do personagem, um vendedor de uma companhia de exploração de gás natural. Na categoria atriz, uma das favoritas é Paulina García, pela magistral interpretação da personagem título de Gloria. Mas há também Juliette Binoche no papel da sofrida escultora Camille Claudel.

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Phoenix morreu antes de Dark Blood ser concluído
O drama Gloria está entre os preferidos de público e crítica
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A programação do Festival de Berlim teve um dia diferente na última quinta-feira. Dark Blood, de George Sluizer, uma coprodução entre Estados Unidos, Reino Unido e Holanda, foi exibida numa prévia para a imprensa, que antecedeu a noite de gala no Palácio dos Festivais.

A sessão transcorreu num clima de lembranças e homenagens, devido à presença do saudoso ator River Phoenix (1970-1993) no elenco, que conta ainda Judy Davis e Jonathan Pryce.

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O filme – que está na mostra oficial, fora de competição – é um suspense iniciado em 1993 e que teve a produção paralisada por 17 anos, devido à morte prematura de Phoenix, aos 23 anos, vítima de um ataque cardíaco em decorrência de uma overdose.

Sluizer – que tem 80 anos e, segundo os médicos, não tem muito tempo de vida devido a um aneurisma – resolveu retomar as filmagens, concluiu o longa e o lançou no final do ano passado, num festival holandês.

Phoenix interpreta um jovem viúvo que vive sozinho em um deserto após a morte de sua esposa, vítima de um câncer ocasionado por testes nucleares. Em meio à sua solidão e amargura, um dia ele socorre um casal em lua de mel, que está com o carro quebrado. Ao se apaixonar pela recém-casada (Davis), resolve sequestrá-la.

Após a projeção, o diretor conversou com os jornalistas sobre o filme e as dificuldades que teve para conseguir terminá-lo. Confira a seguir os principais trechos da conversa:

O que aconteceu após a morte de Phoenix?

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Quando River morreu, eu tinha feito 81% do filme, mas tudo o que tinha a ver com a produção parou. Como a produtora tinha feito seguro contra esse tipo de desastre, eles pegaram o dinheiro e o filme ficou na seguradora.

Como teve acesso ao material filmado?

Em 2000, a seguradora concluiu que o filme não tinha valor para ela e decidiu destruí-lo. Eu soube disso numa quarta-feira e ele seria destruído na sexta seguinte. Eu não tinha direitos sobre os negativos – não era produtor – mas conhecia algumas pessoas em Los Angeles. Na noite antes de o filme ser destruído, do meu ponto de vista, eu o salvei. Sob outros pontos de vista, eu o roubei, mas o fato é que consegui resgatá-lo.

E por que decidiu concluí-lo?

Há cerca de quatro anos, repentinamente, eu fiquei muito doente. Tive um aneurisma e me disseram que meus dias poderiam estar contados. Eu sempre quis terminar o filme e isso se transformou em uma urgência para mim. Mas eu também sabia que ainda havia um bom material.

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Foi difícil terminar o filme?

Sim, tive de ser muito criativo. Além disso, quando a produção parou, ainda havia muita coisa a fazer, como a trilha sonora, por exemplo. Na ocasião, eu ouvi a música de Florencia Di Concilio. Ela é uruguaia e, embora não possa andar direito [usa muletas], eu viajei para lá e consegui convencê-la.

Como era a relação com Phoenix?

River era amigável, profissional e tivemos um tempo muito agradável trabalhando juntos.

Como está a questão legal da produção?

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Eu tenho os direitos sobre a cópia do filme e estou autorizado a exibí-la, desde que nenhuma renda seja gerada. Mas os direitos sobre os negativos ainda não estão resolvidos, espero obtê-los logo. River e a empresa de seguros são da Califórnia, a empresa de produção é britânica e eu sou da Holanda, são três legislações diferentes e três conjuntos de leis de direitos autorais, então, é algo difícil de solucionar.