
Xanadu, o filme, não foi exatamente um sucesso nos cinemas, mas foi elevado, com o passar do tempo, à categoria de cult, por ser uma espécie de cápsula do tempo que contém rastros da época em que foi feito, como a música disco/pop, a febre dos patins e a estética kitsch, quando não camp. O que, na sua opinião, explica tanto a longevidade do filme quanto a iniciativa de adaptá-lo para o teatro?
Recentemente pode-se perceber um movimento de exaltação dos anos 80, que durante um tempo foram "rejeitados" e rotulados de kitsch e cafonas, se unirmos o fato do filme ter virado cult com esse resgate dos anos 80 como uma fase importante de nossa cultura, explica-se muita coisa.
Quais as diferenças entre o filme e a peça?
A peça não leva a premissa da história nem um pouco a sério! O musical é um besteirol, cujo o único intuito é o de divertir a plateia.
Você assumiu o papel que no filme é do grande Gene Kelly e, na temporada carioca, foi interpretado por Sidney Magal. O que você trouxe ao personagem? Por que resolveu fazê-lo?
Resolvi fazer por que adoro o teatro, a troca com a plateia e ainda mais poder conviver e trocar com colegas tão preciosos como os que dividem o palco comigo. Quanto ao que eu trago para o personagem você terá de assistir, por que é impossível descrever (risos)
Em Nova York, Xanadu foi um grande sucesso, mas não era exatamente uma superprodução. Quais as qualidades da montagem original que você buscou manter no seu espetáculo?
O espetáculo na Broadway já debochava do filme e da cena contemporânea americana. Então fazia todo sentido trazer para cá e transformar num besteirol como só os brasileiros sabem fazer e apreciar!Tanto lá quanto cá essa cafocine é assumida, mas quisemos ressaltar esse aspecto ainda mais em determinados figurinos, nas próprias coreografias, fazemos tudo com mais escracho. O grande trunfo do musical é justamente debochar da loucura que foram os anos 80, do próprio filme e tentamos levar isso às últimas consequências.
Fale sobre a tradução do texto e a respeito da versão das canções de John Farrar e da Electric Light Orchestra.
Eu sabia que estaria muito ocupado escrevendo a novela, então eu pensei no Arthur Xexéo, que é um jornalista que além de culto, tem um afiado senso de humor e fez um trabalho primoroso. Xexéo e eu conversamos sobre algumas coisas, quando eu tinha alguma ideia, como situar a ação da peça no Rio de Janeiro. Eu as passava para ele, que fazia as modificações necessárias e etc. Xexéo transpôs várias das piadas do original para o Brasil e nós obviamente fomos inserindo outras ao longo dos ensaios e temporada. Além das lindas versões das músicas que ele fez.
Houve alguma mudança no espetáculo em decorrência do acidente ocorrido no Rio de Janeiro?
O voo não acontece mais, a cena voltou à marcação que fazíamos nos ensaios.
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