Para encerrar o espetáculo, a cantora levou a plateia ao delírio enquanto dançava um trecho do funk carioca "Passinho do Volante"| Foto: EFE/Antonio Lacerda

Show do Vintage Trouble é destaque no palco Sunset

Agência Estado

Um homem de cabelos quase black power no centro do palco. Um trio de baixista, guitarrista e baterista norte-americanos ao seu lado e um microfone ao meio. Todos usando ternos e aparelhos amplificadores da antiga marca Orange, como se estivessem em algum palco dos anos 60. Muito pouca gente no Brasil sabia da existência do grupo Vintage Trouble até a sexta-feira, quando o grupo liderado pelo explosivo vocalista e performer Ty Taylor surgiu caminhando pelo Palco Sunset.

Taylor é o que se pode chamar de líder, insanamente carismático. É como se tivesse nascido de alguma costela de James Brown, de alguma corda vocal de Sam Cook ou Marvin Gaye. Apesar de ter sido colocado em um horário e em um palco que a princípio pode denotar pouco privilégio, às 16h no Sunset, Taylor conseguiu reverter todos os contras a seu favor e fez muita gente da plateia sair comentando coisas do tipo: "Meu Deus, quem é esse cara?"

A Vintage Trouble recoloca a soul music no berço, tirando todo o aparato tecnológico que ela ganhou dos anos 90 para cá. Investe em uma sonoridade crua, blueseira sobretudo na guitarra de Nalle Colt, e dançante. É, ao mesmo tempo, soul, funk, R&B e blues. Taylor rodopia pelo palco e só não se joga no chão com as pernas abertas porque aí a referência a James Brown seria descarada demais. Seu disco de 2011, The Bomb Shelter, foi a base de um show pensado para erguer ondas de comoção. Sua performance ajuda. Depois de pular no palco, resolver fazer o mesmo na plateia, andando e dançando com seu público como se estivesse em casa. Um ato que seria populismo, não fosse tão engrandecedor em seu contexto. A plateia foi atrás, e Taylor só sossegou quando fez com que todas as mãos estivessem para cima.

A convidada da Vintage foi a cantora Jesuton, algo que cheirava a armação do Rock in Rio com a Globo, já que esta cantora inglesa foi lançada pela Som Livre (braço fonográfico da emissora), com direito a matérias generosas na casa. Mas Jesuton valeu cada nota. Cantou com emoção e chorou sobre o palco. Ela foi descoberta cantando nas ruas do Rio de Janeiro, depois de vir morar no Brasil com o marido. Quando viu o público que cantava ontem com ela, não se conteve. "Gente, eu sonhei muito com isso que estou vendo agora." Ela, então, enxugou as lágrimas e fez uma belíssima balada, Nodoby Told Me, ao lado de Taylor. Um pouco mais adiante, anunciou que faria uma surpresa. E fez, dentro da proposta de encontros do Sunset. Fez com que os gringos do Vintage Trouble fizessem com ela uma versão soul de Mas Que Nada, de Jorge Ben.

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Beyoncé encerrou o primeiro dia de Rock In Rio com super produção repleta de luzes, cenários, fogo, fumaça e coreografias
A apresentação da cantora, que faz parte da Mrs. Carter Tour, conquistou os olhos público na madrugada deste sábado (14)
A americana teve seis figurinos diferentes ao decorrer do show, que durou 90 minutos, enquanto os fãs assistiam vídeos que serviam como interlúdio
O repertório da diva incluiu hits como Run The World (Girls), Crazy In Love e Single Ladies, entre outros
David Guetta, um dos DJs mais famosos do mundo, foi a penúltima atração do palco Mundo no primeiro dia de Rock In Rio
O francês conseguiu fazer a multidão gritar, dançar e balançar as mãos no alto com suas batidas eletrônicas
O DJ animou milhares de pessoas na noite de sexta-feira com seus remixes para músicas de Bruno Mars, Blur, Jay Z e Justin Timberlake, entre muitos outros
Ivete Sangalo, com seu Carnaval portátil, fez a multidão pular e cantar com show animado
A cantora baiana até fez piada com Beyoncé, quem chamou carinhosamente de
O público, que encarou apenas a primeira parte do festival, ainda tem seis dias pela frente
A audiência ainda conferiu o tributo
O primeiro dia de Rock In Rio reuniu atrações nacionais e internacionais, passando por estilos como pop, rock, eletrônico, rap e MPB, entre outros
A multidão invadiu a chamada
Os fãs, além aproveitar as atrações musicais, também puderam curtir a tirolesa, uma das diversas atividades disponibilizadas no espaço
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Com todo o profissionalismo e a qualidade técnica que costumam acompanhar as turnês das principais estrelas do showbiz, a diva americana Beyoncé, de 32 anos, fechou o primeiro dia de Rock in Rio, já na madrugada deste sábado (14), com um grande espetáculo para os olhos, um punhado de bons hits e uma surpresa final - um trecho do funk "Passinho do Volante" (aquele do "ah lelek lek lek").

Era 0h20 quando mrs. Carter (o sobrenome de seu marido, o rapper Jay-Z, que ela usa para nomear sua atual turnê) entrou no palco com muitas luzes, fogo, bateção de cabelo e pose de quem manda no mundo, ao som do batidão de "Run the World (Girls)".

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Veja fotos do que rolou de melhor no primeiro dia do Rock in Rio

O show foi uma versão mais curta do que a americana mostrou em Fortaleza e Belo Horizonte, as duas primeiras paradas de sua atual turnê pelo Brasil - São Paulo e Porto Alegre devem ver novamente o show completo.

É um grande espetáculo visual, mais até do que sonoro - não por acaso, em diversos momentos o público mais assiste do que participa cantando e dançando. O contraste com a algazarra constante do show de Ivete Sangalo é gritante.

Há muitos jogos de luzes, telões que mudam o cenário, fogo e fumaça, além das poses estudadas, coreografias milimetricamente ensaiadas e vídeos que servem de interlúdio para as trocas de roupa (seis, num show de 90 minutos).

"I love you, Rio", disse a cantora, na primeira das muitas declarações de amor que faria aos fãs.

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A primeira das trocas de roupa acontece já antes da terceira música, a balada "If I Were a Boy", que vem em versão mais pesada, incluindo uma citação de "Bittersweet Symphony" (do Verve).

É uma das canções feitas para Beyoncé mostrar seu incrível alcance vocal - "Why Don't You Love Me" e "1+1", que aparecem ao longo do show, são outras dessas.

"Rio, bem-vindos à 'Mrs. Carter Tour'. Tenho de dizer que estou muito honrada de estar aqui em frente a tantos rostos tão bonitos. É como um sonho diante de mim", disse a americana, em inglês.

Em seguida, mostrou uma das músicas em que dança mais do que canta, "Baby Boy", sucesso com a plateia.

Como de praxe, é durante os hits que o show decola de fato, e a estrela guardou a maior parte deles para o final: "Irreplaceable", com uma levada de violão que a deixa mais suingada, e "Love on Top" tiram a plateia da inércia, antes que a dobradinha com "Crazy in Love" e "Single Ladies" (esta com um trecho de "Movin' on Up") ponha fogo no gramado.

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"Halo", que vem precedida por uma breve versão de "I Will Always Love You", é outro momento que mostra que Beyoncé tem o mesmo talento vocal de Whitney Houston.

A cantora aproveita para descer do palco e se aproximar dos fãs na primeira fila. Na volta, diz que tem "uma surpresa" para os cariocas e coloca no som o "Passinho do Volante", com o qual dá uma dançadinha, para delírio do público.

Foi um encerramento particularmente animado para um show que, na média, conquistou mais os olhos do que as cinturas dos fãs.

Ivete faz piada com Beyoncé e diz que 'aqui é de igual para igual'

Se o status de grande estrela do pop mundial garantiu à Beyoncé a posição de maior destaque no primeiro dia de Rock in Rio, a baiana Ivete Sangalo fez questão de mostrar que a americana vai precisar rebolar muito para batê-la em seu terreiro.

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Com seu infalível Carnaval portátil, Ivetona colocou a garotada que lotou o palco Mundo para pular e cantar animadamente, e mandou um recado bem-humorado à sua colega que fecharia a noite: "Tá pensando o quê? Aqui é de igual para igual, Bi."O show da baiana começou às 20h35 de sexta-feira (13), com cinco minutos de atraso e enquanto o Living Colour ainda tocava no palco Sunset (e era transmitido no telão do palco Mundo, que demorou para fazer a troca).

Com um vestido azul curto e uma capa logo abandonada, a baiana entrou cantando "País Tropical".

Mantido o pique com "Real Fantasia" e "Arerê", Ivete se viu emocionada frente à multidão que a acompanhava. Segurando as lágrimas, disse: "Não dá para entender por que eu sinto essas coisas dentro de mim, gente. Que emoção louca estar aqui no palco sendo aplaudida como uma cantora do meu pais, no meu país."

Antes de cantar "Dançando", ensinou a coreografia para a massa e aproveitou para fazer piada com Beyoncé, a "Bi", imitando trejeitos da americana e perguntando onde estava o ventilador cenográfico para fazer seus cabelos voarem.

"Me disseram que ia ter um ventilador aqui para mim, cadê? Quebrou, foi? Ô meu Deus, que baixaria, o que é que Bi vai achar de mim?", disse Ivete, fazendo o público rir.

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Marketing

Boa de marketing, a baiana aproveitou a audiência (inclusive a televisiva, à qual se referiu algumas vezes) para anunciar que gravará em dezembro, no estádio da Fonte Nova, em Salvador, um DVD para celebrar seus 20 anos de carreira. "Quero ver vocês lá", disse, antes de cantar "Eva" e "Beleza Rara", velhos sucessos da banda Eva, na qual foi revelada.

"Nesse ano, eu mais uma vez me exibo aqui para minha família, para meus fãs e meus amigos", disse a cantora em outro momento no qual se emocionou, e terminou mandando um beijo para seu filho.

Em homenagem ao festival, tentou reproduzir um de seus momentos célebres, cantando "Love of My Life", do Queen - largamente formada por jovens, a plateia não tinha a letra na ponta da língua como a de 1985, o que ficou ainda mais claro quando o som tocou uma gravação com o coral coletivo do primeiro Rock in Rio.

A cantora passou sem escalas da balada romântica para o pula-pula carnavalesco. "Ivetinha é rock n' roll! Tira o pé do chão, Rock in Rio", pediu antes de cantar "Sorte Grande (Poeira)", um de seus maiores sucessos, emendado com "Não Quero Dinheiro", de Tim Maia.

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"Alô Bell, boa sorte, irmão", disse, referindo-se ao vocalista do Chiclete com Banana, que anunciou nesta semana que deixaria a banda para seguir carreira solo após o próximo Carnaval. Também saudou seu conterrâneo Netinho, que passou longo período hospitalizado.

O show foi encerrado com "Festa" e o axé eletrônico de "Acelera Aê", e com um recado para os dois artistas que a sucederiam no palco mundo: "Alô David Guetta, bem-vindo ao país de novo, my friend. Alô Beyoncé, we love you!".

Rei dos hits dos outros, David Guetta brinca de animador com o público

É difícil entender qual o segredo daquele cabeludo engraçado, desengonçado e musculoso para, com apenas algumas apertadas e giradas de botão, conseguir que uma multidão grite, dance e balance as mãos pro alto. Talvez tenha a ver com a mistura de batidas eletrônicas fortes, overdose de luzes coloridas, chuva de papel picado e palavras de ordem devidamente acompanhadas de palminhas.

"Raise your fuckin' hands", grita o francês David Guetta, 45, um dos DJs mais famosos do mundo hoje, diante de um neon que reluz seu próprio nome. E o público responde jogando as mãozinhas pro ar.

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Penúltima atração do palco Mundo, antes de Beyoncé, Guetta animou milhares de adolescentes e mostrou que é o rei dos hits...dos outros. Tocou suas versões para "Locked Out of Heaven", de Bruno Mars, "Song 2", do Blur, e "Holy Grail", de Jay Z com Justin Timberlake. E muitos outros.

O público, que usa óculos escuros às 22h30, responde com maior intensidade e animação quanto mais pop e cantável for o hit. Se o hit é fraco, se diverte com autofotos.

Com quase 30 anos de carreira, Guetta reuniu, além dos hits, muitos recursos para levantar o público quando ele começa a ficar caidinho: grita no microfone, mostra cartazes para a câmera com dizeres como "I love Rio" e "Noise", chama as mulheres brasileiras de "mais sexies do mundo", faz coraçãozinho de mão... Usou todos eles no Rock in Rio. Como num programa de auditório, diante do apelo do animador, o público gritou: "Uh! Uh! Uh!"

A única coisa que o DJ não fez para agradar o público foi tocar "I Gotta Feeling", hit mundial que ele produziu com a banda Black Eyed Peas. Talvez fosse demais, até para ele.

Primeiro dia do Rock in Rio 2013

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