Qualidade e fertilidade são adjetivos que cabem bem à literatura brasileira. Sem falar em autores clássicos que se tornaram referências mundiais, como Machado de Assis, Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa e Jorge Amado, a produção nacional atual conta com grandes nomes, que apesar de não figurarem por mais de um mês nas listas de best sellers uma parte significativa é desconhecida do grande público têm seus trabalhos reconhecidos pela crítica, com prêmios importantes.
Com o objetivo de verificar até que ponto a produção contemporânea nacional está bem representada nos acervos de duas das mais antigas bibliotecas de Curitiba a Biblioteca Pública do Paraná (BBP) e a Biblioteca de Ciências Humanas e Educação da UFPR (BCHE) , a reportagem do Caderno G pediu a três profissionais paranaenses da área de literatura que indicassem uma lista de obras brasileiras indispensáveis às estantes de qualquer biblioteca. Ao todo, o trio formado pelo escritor e colunista da Gazeta do Povo Miguel Sanches Neto, a escritora e professora de Literatura da UFPR Luci Collin e o editor do jornal literário Rascunho, Rogério Pereira, selecionou 40 títulos (leia quadro abaixo), que foram procurados em ambos os acervos.
O resultado foi surpreendente, no bom e no mau sentido. A começar pelo aspecto positivo, das quatro dezenas de títulos indicados pelos entrevistados, 26 foram encontrados na BBP. Entre eles, seis obras de escritores paranaenses: 234 Ministórias, de Dalton Trevisan, O Caso da Chácara Chão, de Domingos Pellegrini, Desorientais, de Alice Ruiz, Minha Mãe Morrendo e o Menino Mentido, de Valêncio Xavier, Pescoço Ladeado de Parafusos, de Manoel Carlos Karam e chove Sobre Minha Infância, de Miguel Sanches Neto.
Porém, raros foram os títulos localizados pela reportagem na BPP que contavam com mais de um exemplar. "Essa é uma das principais reclamações quanto ao nosso acervo, a quantidade insuficiente de exemplares para a grande demanda. Sempre que possível, a BPP adquire mais exemplares", explica Sizuko Takemiya, chefe da Divisão de Obras Gerais.
Já na BCHE a produção brasileira contemporânea parece ter sido esquecida. Das 40 obras procuradas, apenas seis constam no acervo da biblioteca, sendo que destas, quatro livros são de autores paranaenses. "A BCHE é uma biblioteca universitária, sendo assim, não tem a pretensão de manter um acervo geral para atendimento da comunidade local. A função de uma biblioteca universitária é de constituir o acervo, organizá-lo e disponibilizá-lo à comunidade acadêmica, visando a atender as funções básicas da universidade, que são ensino, pesquisa e extensão", justifica Maria de Lourdes Saldanha do Nascimento, bibliotecária responsável pela BCHE.
Dos 40 livros indicados, 13 não foram encontrados em nenhum dos acervos. Entre eles a mais recente edição de Catatau, livro de Paulo Leminski publicado em 1975 e qreeditado em formato definitivo no ano passado, pela Travessa dos Editores.
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