Bem ao gosto do mercado e também dos leitores , a "19.ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo" dá um belo destaque para autores campeões de vendas. Augusto Cury, Lya Luft, Danuza Leão, Içami Tiba, Lawrence Block, Mark Baker e James Hunter são alguns dos nomes mais badalados.
Em certos casos, os nomes podem não soar familiares porque a obra precede o autor. Baker escreveu "Jesus, o Maior Psicólogo Que Já Existiu", enquanto Hunter, "O Monge e o Executivo: uma História sobre a Essência da Liderança". Ambos da editora Sextante e classificados de auto-ajuda gênero best seller por excelência. Eles participam de uma conversa com o público no dia 12 (domingo), na qual pretendem decifrar os porquês do fascínio suscitado por seus livros. O encontro é uma das atrações do Salão de Idéias, que deve colocar os leitores em contato com os escritores ao longo dos dez dias de Bienal.
Em meio aos autores estrangeiros de ficção, o destaque é sem dúvida o americano Lawrence Block. Seus romances policiais podem não ser febre no Brasil, mas o são nos EUA com certeza. Dele, a Companhia das Letras já publicou nove obras, incluindo "O Ladrão Que Achava Que Era Bogart". Block trava um debate com o titã e escritor Tony Bellotto ("Bellini e a Esfinge") também no domingo, em um dos acontecimentos mais aguardados.
Uma olhada nos números que rondam a Bienal é suficiente para se ter uma idéia de suas dimensões. À primeira vista, pode-se ter a impressão de que as editoras lançam mais livros graças ao evento. Embora uma ou outra possa mesmo adotar essa tática, a maioria trabalha com o número de títulos que normalmente lançaria ao longo do mês. Porém, se organiza para lançá-los todos durante a Bienal.
Neste ano, serão três mil lançamentos. Levando-se em consideração o número total de títulos editados no país em 2004 (quase 35 mil), percebe-se que a quantidade de lançamentos durante a Bienal é pouca coisa superior à média mensal. Então de que maneira o mercado sente o seu impacto?
"É a maior vitrine que as empresas têm para mostrar seus produtos", explica Roberto Nolasco, diretor geral da editora Francis. E por "produtos" entenda livros e autores. É durante a Bienal que agentes e editores estrangeiros podem se interessar por obras nacionais e decidir publicá-las fora do país. Não bastasse ser uma oportunidade de ver e ser visto, o evento paulista, também na opinião de Nolasco, incentiva à leitura a partir das atividades que promove. "Em um país com índice de leitura baixo, isso é muito importante."
Para atrair a atenção do público, as editoras fazem o que podem. A Francis, por exemplo, recebeu da produtora de Lucas Mendes, responsável pelo Manhattan Connection, uma seleção das participações do Paulo Francis (1930 1997) no programa exibido pelo GNT e vai apresentar os vídeos em seu estande. Para quem não ligou um nome ao outro, a editora foi batizada em homenagem ao jornalista carioca.
Jaime Mendes, diretor comercial da Jorge Zahar Editor, também vê a Bienal como um investimento em divulgação. A maior importância do evento, na sua opinião, é colocar o livro na mídia. Ele destaca ainda a possibilidade de, no estande, "expor todo o catálogo da editora de maneira espelhada com a capa à mostra , algo impossível de se fazer em uma livraria".
"O público que vai à Bienal é diferente do que freqüenta livrarias", afirma Mendes para, em seguida, citar as várias excursões de cidades pequenas que levam ao evento pessoas que, normalmente, não têm acesso a boas livrarias físicas (em contraponto às virtuais, acessíveis a qualquer um com computador e internet).
Mendes lamenta somente o custo alto da Bienal para editores e leitores. A Zahar encara a participação como uma forma de investimentos, pois os ganhos (em vendas para leitores e livreiros), nos dez dias do evento, não cobrem os gastos. Já Nolasco revela que a editora Francis consegue pagar as despesas somente com o que é comercializado no estande. Somando os investimentos dos organizadores, expositores e patrocinadores, são consumidos R$ 18 milhões.
A programação completa, bem como notícias da Bienal, estão disponíveis no site www.bienaldolivrosp.com.br. Em tempo: até sexta-feira passada, a página estava com alguns problemas de acesso e exibia links que levavam a lugar nenhum.
Serviço:
19.ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. De 9 a 19 de março, das 10 às 22h. Pavilhão de Exposições do Anhembi (Av. Olavo Fontoura, 1.209 Santana) em São Paulo (SP), (11) 6226-0400. Entrada: R$ 10,00 (adulto), R$ 5,00 (estudantes e aposentados) e gratuita para crianças até 12 anos e maiores de 65 anos. Outras informações: (11) 3069-1300 e (11) 4689-3100.
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