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Cher, em meados dos anos 1970, quando apresentava um programa de tevê na CBS: tomando as rédeas da própria carreira | Reprodução
Cher, em meados dos anos 1970, quando apresentava um programa de tevê na CBS: tomando as rédeas da própria carreira| Foto: Reprodução

Livro

Cher: Forte o BastanteJosiah Howard. Tradução de Lucia Leão. nVersos, 348 págs., R$ 50.

  • A cantora, ao lado do grupo Jackson 5: números musicais exibidos no programa podem ser encontrados na internet

Do lado de fora da gravadora Gold Star Studios, a jovem Cher está encostada em um carro, sozinha. Alguns meses antes, ela havia acabado de lançar sua primeira música de sucesso, "I Got You Babe", ao lado do então marido, Sonny Bono, e agora se preparava para gravar seu primeiro álbum solo. O guitarrista Randy Sterling se aproxima e pergunta se está tudo bem. Ela responde dizendo que está apavorada, porque não acha que tem o necessário para fazer aquilo. Não acha que é uma boa cantora e pensa que a sessão será uma perda de tempo para todos. Cher leva um sermão do guitarrista contratado por ela, que a diz para "parar de analisar tudo e apenas entrar lá e sair cantando!".

Essa é uma das passagens de Cher: Forte o Bastante, biografia recém-lançada no Brasil, que oferece aos fãs uma leitura da personalidade de Cher nunca antes explorada. Alta, extremamente magra e de ombros largos, a jovem Cherilyn Sarkisian, descendente de índios Cherokee, era uma adolescente que já ambicionava a fama, mas que tinha lá seus problemas de insegurança e era um tanto desajeitada.

O livro explora um recorte da vida da atriz e cantora entre os anos de 1975 e 1976, quando ela apresentou um programa de tevê intitulado Cher, na norte-americana CBS. Com uma riqueza de detalhes capaz de surpreender até os fãs mais estudados, o escritor Josiah Howard traz, capítulo a capítulo, cada uma das músicas, esquetes e, claro, roupas polêmicas usadas no programa. Além disso, enumera todos os comediantes, músicos e atores que participaram da atração, entre eles Ray Charles, The Jackson 5, David Bowie, Os Muppets, Jerry Lewis, Elton John, Tina Turner e Steve Martin.

Vale a pena ressaltar algumas das participações do programa, como o dueto entre Cher e a cantora Tina Turner – que também teve um rompimento com o marido, Ike, e cuja fama superou muito a dele. Há, ainda, o empolgante pot-pourri ao lado do músico David Bowie, em que os dois cantam 13 canções de uma só vez, coladas uma na outra. Alguns capítulos do programa estão na internet e é interessante assisti-los enquanto se lê o livro.

A obra acompanha também, ainda que com menos foco, a vida pessoal de Cher, que iniciou sua carreira ao lado do marido Sonny Bono, com quem gravou diversos discos e ao qual teve sua imagem atrelada durante muito tempo. A separação dos dois, seguida do sucesso do programa solo de Cher e o fracasso de Sonny, foi amplamente explorada pela mídia da época. Assim como foram, também, diversas passagens de sua vida, como o casamento e divórcio com o músico Gregg Allman, o nascimento da filha Chastity (que mais tarde mudaria de sexo e se tornaria Chaz), com Sonny e do filho, Elijah, com Gregg.

Entre números elaborados de dança, figurinos que entraram para a história e esquetes de comédia ousadas demais para a censura, Cher aparece como uma mulher que, ao mesmo tempo, tomou as rédeas de sua carreira e se deixou levar por ela. Humana, trabalhou incansavelmente, fez escolhas certas e erradas e teve medo de falhar. A diva é gente normal e, por isso mesmo, tão maravilhosa.

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