| Foto: Divulgação
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Era janeiro de 1974 e faltava muito pouco para o fim das inscrições para o Melodifestivalen, concurso de música sueco que servia como porta de entrada para o festival de TV Eurovision. Nos dois anos anteriores, eles haviam chegado perto de ganhar o Eurovision, mas terceiro lugar não tem o mesmo peso do pódio mais alto. Àquela altura, o quarteto não se chamava mais Björn & Benny, Agnetha & Frida.

Já batizada como ABBA, uma combinação das iniciais dos nomes deles, a banda precisava da música certa para ter chances reais. A balada dramática Hasta Mañana lembrava muito os últimos vencedores do festival, mas, por sugestão do empresário Stig Anderson, decidiram ousar com Waterloo.

Venceram a fase eliminatória, conquistaram, logo em seguida, os países nórdicos com o disco Waterloo, mas queriam ir mais longe. E, para isso, foram a Brighton, na Inglaterra, em abril, para participar da final da Eurovision. Contrariando todas as expectativas e favoritismos, a banda ficou em primeiro lugar. E ali o ABBA nascia para o mundo. "Aquele foi definitivamente um marco. No início dos anos 1970, ninguém fora da Escandinávia estava interessado em música pop sueca. Era difícil para o ABBA e seu empresário serem levados a sério pelo mundo dos negócios da música internacional", diz o biógrafo sueco Carl Magnus Palm.

"É por isso que eles participaram do festival: sua teoria era que, se tivessem uma canção e uma performance que fossem fortes o suficiente, poderiam chegar a centenas de milhões de telespectadores que assistissem à competição e, ao fazê-lo, sua canção se tornaria um sucesso - não importa que eles fossem da Suécia. Eles estavam certos, porque a vitória com Waterloo lhes deu sucesso internacional", continua.

Neste 2014, em que se comemoram os exatos 40 anos de vitória da banda na emblemática competição, foi lançado no Brasil o livro ABBA - A Biografia, de autoria de Palm. Há 15 anos escrevendo sobre o grupo, o escritor recupera a trajetória dos integrantes, com o material que acumulou nesses anos de pesquisa - incluindo entrevistas que fez com o quarteto ao longo desse tempo.

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Ele acompanha a história de Benny Andersson, Anni-Frid Lyngstad, Björn Ulvaeus e Agnetha Fältskog desde as respectivas formações na música, passando pela fama, casamentos de Frida/Andersson e Agnetha/Björn, desentendimentos, o divórcio dos casais. Mesmo com as separações, os quatro continuaram juntos como grupo, mas cada vez mais se distanciavam entre si.

Há quem considere os divórcios como os grandes responsáveis pelo fim da banda, em 1982. Palm diz que as separações contribuíram, em algum nível, para o desfecho, mas não foram o principal motivo. "Principalmente, Björn e Benny se cansaram de fazer apenas canções pop. Eles haviam sonhado por muitos anos fazer um musical."

Todos seguiram suas vidas - e carreiras. Mas, desde o começo, assustada com o assédio causado pela fama, Agnetha se isolou. Suas aparições públicas sobre projetos do ABBA sempre foram uma dúvida para público, mídia - e para os próprios ex-colegas de banda. Palm descreve, no início do livro, um flagrante de um desses raros momentos. Em 2005, o musical Mamma Mia! faria sua estreia em Estocolmo. No local, fãs enlouquecidos para vê-los de perto e, com sorte, conseguir autógrafos.

Seria a primeira vez em 19 anos que os quatro integrantes da banda apareceriam juntos em público. Björn, Benny e Frida chegaram primeiro. Até que um carro parou na frente do teatro e dele desceu Agnetha. Acompanhada de seguranças, ela recebeu atenção especial pela produção por causa de sua fobia da euforia exagerada dos fãs. Mesmo desconfortável com a situação, ela permaneceu no lugar, de forma reservada. Repetiria a aparição em outras ocasiões especiais, como a première do filme Mamma Mia!, em 2008.

Para Daniel Couri, que escreveu o livro também de nome Mamma Mia!, após conversar com fãs europeus, ler muito, ver vários filmes e trocar e-mails com o próprio Carl Magnus Palm, os componentes do ABBA nunca se enxergaram como 'celebridades'. "Eles sempre foram avessos à superexposição. Agnetha sentia isso de forma mais forte e, após quase 10 anos com o ABBA, sentiu necessidade de diminuir o ritmo. Dedicou-se à vida caseira, aos filhos, netos. Em 2013, no entanto, ela voltou a gravar e lançou um CD de material inédito e original após anos afastada da mídia. Ressurgiu positiva, fez as pazes com o passado atribulado e com a perseguição da mídia e se mostrou em paz."

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