O público que encheu, mas não chegou a lotar a Vila Capanema, na noite de domingo pode ver de perto tudo o que construiu a fama de bad boy de Axl Rose em sua carreira de líder do Guns N' Roses. Pela primeira vez em Curitiba, Axl encrencou com uma pessoa na plateia, teve um chilique e interrompeu uma musica no meio da execução. Mas também mostrou bom humor, dançou, rebolou e se divertiu passando pessoalmente o rodinho no palco encharcado pela chuva que caiu em boa parte das mais de duas horas e meia de show.
E cantou suas músicas surpreendente muito bem. E muitas delas são sucessos mundiais, daquelas que até quem não é fã do GN'R conhece e assovia e que fizeram a banda vender mais de 100 milhões de discos no mundo.
Assim como seu humor bipolar, a voz de Axl foi mudando no decorrer do show. Na ultima metade do concerto, parece que suas cordas vocais "esquentaram" e ele se arriscou bem nas notas agudas que sempre foram a sua marca. Claro que não com a desenvoltura de 25 anos atrás, mas quem consegue?
O show começou com menos de dez minutos de atraso uma boa marca em se tratando do Guns. Sob chuva, com "Chinese Democracy". Depois talvez o ponto alto do show: a banda emendou em sequencia "Welcome to the Jungle", "It's So Easy" e "Mr. Brownstone", três canções do álbum de estreia Appetite for Destruction, o melhor da carreira da banda.
Na quinta musica, a grandiloquente "Stranged", Axl teve um "piti" e interrompeu a musica no meio dizendo que a banda estava "confusa". Imagino que muita gente ficou sem entender nada e outras tantas com receio de que ele fosse abandonar o show.
Aconteceu o contrário. A banda se acertou e o show cresceu. O Guns hoje é um octeto, com três guitarras, baixo, teclado, bateria, percussão e Axl. Os guitarristas competem entre si para decidir quem tem mais técnica e quem é o mais poseur. Entre as musicas, eles às vezes ficavam duelando por minutos, improvisando sobre temas do Led Zeppelim ou dos Rolling Stones, enquanto Axl dava um tempo (quem sabe se fartando no lauto banquete que a banda exigiu da produção).
Com um visual de emo de Sunset Strip, DJ Ashba faz o papel de guitar hero que cabia a Slash, com direito a cartolinha e tudo. O excelente baixista Tommy Stinson, da ótima banda punk The Replacements, é uma grande presença e cantou uma de suas músicas. Mas a grande figura é Axl. Mais gordinho e com um bigodão de chicano, ele correu de lado pelo palco, pulou, agitou, se esganiçou, tocou piano em November Rain, trocou de roupa e de chapéu umas seis vezes. No final do show tomou o rodo da mão do roadie e se ocupou de secar o palco pessoalmente e depois dançou uma valsa com seu novo instrumento. Na ultima música ele encrencou com uma cara que estava no gargarejo vip e o convidou a se retirar do show: "Este cara de olhos escuros tá querendo ir para casa".
A banda tocou poucas canções de seu disco mais recente, Chinese Democracy, os momentos menos empolgantes do show que viram as importantes pausas para ir ao banheiro e comprar cerveja. Os hits dos tempos áureos estavam todos lá. You Could be Mine e Sweet Child O' Mine são grandes canções pop. O som estava razoável e no palco a banda usou uma pirotecnia meio temerária, que parecia sempre prestes a atingir alguém, quase como a gurizada fandangueira do rock.
Confesso que fui ao show esperando ver uma banda soar como uma caricatura de seu passado, mas o que vi foi um hard rock de primeira, muito bem tocado e uma das plateias mais satisfeitas dos últimos tempos.
Em tempo, foi muito bom ver os curitibanos do Motorocker levantando a "malária" no show de abertura.
GGG
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Guns N' Roses levanta público na Vila Capanema
A primeira apresentação do Guns N' Roses em Curitiba encheu, mas não lotou a Vila Capanema nesta noite de domingo (31). Show começou com apenas cinco minutos de atraso, tempo muito menor do que o de costume, e atraiu 16 mil pessoas.
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