Antes sozinho do que fora de sintonia. Esse é o lema de nove entre dez "bandas de um homem só", quase sempre fundadas por músicos cansados de trabalhar pelos outros. "Ou está todo mundo na mesma vibração, ou não funciona. Se um ou dois não estão com 100% de vontade, é melhor parar", ensina Juninho, 30 anos, no momento o único membro do Sonic Junior.
Após dois discos gravados em parceria com guitarristas, o artista alagoano radicalizou. Compôs, tocou, cantou e produziu praticamente tudo em Pra Fazer o Mundo Girar, o novo álbum do "grupo". Autonomia é a palavra-chave do CD, o mais eletrônico da carreira de Juninho. "Queria fazer um disco bem dançante, voltado para os shows. Daí a idéia de fazer metade instrumental, metade com letra", explica.
Ex-integrante do conjunto de rock Living in the Shit (um dos mais ativos do Nordeste durante os anos 90), Juninho virou o milênio disposto a agilizar suas propostas musicais. Abraçou a tecnologia e, ao lado do guitarrista Aldo, gravou o CD de estréia Sonic Junior, de 2000. Três anos depois, já com Paulinho nas seis cordas, veio O Mundo Lá Fora, o primeiro lançado pela atual gravadora da banda, Mundo Perfeito.
Ainda em 2003, Juninho vendeu o estúdio que administrava em Maceió e a dupla mudou-se de mala e cuia para São Paulo. Logo caiu nas graças do cantor Paulo Ricardo, que os convidou para produzir um novo álbum do RPM, mais antenado com as sonoridades contemporâneas. O grupo brigou entre si durante as gravações, mas o autor de "Louras Geladas" aproveitou as músicas e criou uma outra banda, PR.5, na qual os alagoanos foram efetivados como membros "oficiais".
Após uma série de 70 shows pelo país (e cinco nos EUA) acompanhando Paulo Ricardo e sua trupe, Juninho sentiu que estava na hora de retomar o Sonic Junior. "Foi uma experiência ótima, eu precisava mesmo desse tempo para fazer outras coisas. Mas o Sonic é o meu ideal de vida", garante. Paulinho, no entanto, não pensava o mesmo, e preferiu continuar no PR.5.
Com o controle total do projeto nas mãos, Juninho agora quer divulgar melhor seu trabalho no exterior. Há dois anos, o SN apresentou-se na França e em Portugal, e abriu caminhos para outros contatos. "Você não imagina como é lá fora. Tocamos em Paris no Dia da Música, de graça, na rua, para 4 mil pessoas. Ninguém conhecia a gente, mas todo mundo pulou que nem louco", lembra.
Além da Europa, o Japão também está na mira do alagoano. Tudo porque um brasileiro, dono de uma loja de roupas em Tóquio, virou fã do Sonic Junior durante uma visita à terra natal e resolveu apostar na banda. "Ele gostou do som e negociou para que o o clipe da música Surdinho seja exibido naqueles telões gigantes instalados nos prédios", conta o músico.
Enquanto o giro internacional não é confirmado, Juninho sobrevive às custas dos shows e das trilhas sonoras que compõe por encomenda é dele, por exemplo, o tema do programa Auto Esporte, da Rede Globo. O resto do tempo é quase todo dedicado ao "laboratório", como o alagoano chama seu processo de experimentação musical. Um trabalho solitário, mas com 100% de vontade.
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