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Em 1996, acompanhada de músicos como o baterista Steve Shelley (Sonic Youth) a cantora Chan Marshall – que adota a alcunha de Cat Power – seguiu para a cidade de Memphis, no estado norte-americano do Tennessee, para gravar seu terceiro álbum, What Would the Community Think, registro responsável por colocá-la de vez no mapa do indie rock internacional (e, com alguns anos de atraso, no brasileiro).

Após o lançamento de trabalhos impecáveis como o disco de releituras The Covers Album (2000) e outros um tanto medianos, como You Are Free (2003), Chan seguiu novamente rumo ao sul de seu país de origem para registrar o sétimo título de sua discografia The Greatest (que, apesar do título, não é nenhum best of... ou algo do gênero).

Gravado nos estúdios Ardent, local que já abrigou nomes como Bob Dylan e a banda Big Star, a cantora escalou um time de músicos veteranos da Hi Records – tradicional selo de soul de Memphis, imortalizado nos anos 70 –, para a realização dos arranjos de guitarra, baixo e bateria. Entre eles, os lendários irmãos Mabon "Teenies" Hodges (guitarra) e Leroy "Flick" Hodges (baixo), ambos ex-integrantes da banda do soulman Al Green.

O resultado não poderia ter sido melhor. Além da cozinha formada por instrumentistas de naipe, a simplicidade das composições de Marshall ganhou muito em acessibilidade com detalhes de sopros, cordas e vocais de apoio. A começar pela faixa de abertura, a melancólica "The Greatest". Sob a já característica base de piano empregada por Chan em grande parte de suas canções, se sucedem belíssimos arranjos de violinos e delicadas pinceladas de guitarras, que dão à aveludada voz da cantora um colorido que, para muita gente, faltava em seus trabalhos anteriores.

O country-folk aparece com pitadas de soul nas ótimas "Could We", "Islands", "Living Proof", "Empty Shell"e "Willie", um dos grandes momentos do álbum. O blues também vem marcante em faixas como a excelente "Lived in Bars" – balada arrastada que surpreende lá pelos dois minutos, com uma perfeita quebrada de ritmo.

The Greatest, assim como todos os outros registros de Cat Power, tem lá seus momentos tristonhos, de partir o coração. Voz, piano e cordas compõem a dramática "Where Is My Love", em que a moçoila surpreende os mais desavisados com seu potencial vocal. Já "Hate" é mais uma homenagem ao finado Kurt Cobain – Marshall já havia dedicado a faixa de abertura de seu penúltimo álbum, "I Don’t Blame You", ao líder do Nirvana. Com apenas sua guitarra em punho, entonando um ritmo que lembra sua releitura da clássica "Satisfaction" (Rolling Stones), Chan empresta um dos mais polêmicos versos de Cobain ao refrão – "I hate myself and I want to die" ("Eu me odeio e quero morrer"). Para os que ainda não a conhecem, The Greatest é possivelmente e o álbum mais acessível de Cat Power. Para os fãs, certamente seu registro mais belo. GGGG

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