Henry Gray faz único concerto na sexta-feira (10)| Foto: Ron Armstrong/Divulgação

Quando o bluesman Henry Gray começou a tocar piano, era 1935. Ele tinha 10 anos e vivia na pequena cidade de Kenner, na Louisiana, região sul dos Estados Unidos, território em que nasceram o jazz e o blues, pouco tempo antes, às margens do Rio Mississippi.

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Tocar o blues era proibido na casa da família Gray, mas isso não foi um problema para o pequeno Henry.

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“Ele [o blues] era considerado ‘música do diabo’. Então eu tinha que fugir para a casa de uma velhinha que foi quem me ensinou a tocar piano de verdade”, diz Gray, em entrevista à Gazeta do Povo, por telefone, de um hotel em Joinville.

Ele vai passar pelo Paraná a caminho do tradicional Festival de Blues de Iguape, no litoral paulista.

Veja uma performance do pianista Henry Gray

Documentário

O pianista Henry Gray é uma das estrelas do documentário “Piano Blues”, dirigido por Clint Eastwood e produzido por Martin Scorsese. Trata-se do sétimo e último episódio da série “The Blues” (2003). Eastwood, ele mesmo um pianista e compositor (criou trilhas sonoras para os próprios filmes), apresenta Gray entre os ícones do blues, do soul e do jazz – como Ray Charles, Dave Brubeck e Thelonious Monk.

O pianista de 90 anos faz um único concerto nesta sexta-feira (10), no Hotel Camboa, no Centro Histórico de Paranaguá.

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“Eu vou tocar alguns blues para que o público possa ‘sentir’. E também alguns boogies para quem quiser dançar. Se o público se diverte, eu também me divirto e vou fazer de tudo para isso acontecer”, diz.

Gray chega a Paranaguá pela obstinação de Marcos Maranhão, do Camboa, que há alguns meses patrocinou um festival de blues no outro hotel da rede, na cidade de Antonina.

Ponte do Rio Mississippi, no estado de Louisiana, terra natal do pianista Henry Gray, <i>bluesman</i> de 90 anos que se apresenta no Hotel Camboa, de Paranaguá, nesta sexta-feira (10), às 20 horas. 

“Queria fazer uma grande show de blues em Paranaguá, a cidade mais antiga do estado, o segundo maior porto, mas sempre maltratada”, explica. “Perguntei a um amigo especialista: ‘Qual era o maior nome vivo do blues?’. Ele me respondeu: ‘O pianista Henry Gray, sem dúvida. Ele tem 90 anos, mas consegue viajar sozinho’. Fomos atrás dele e vai dar certo”, diz Maranhão. O show pretende marcar o início de uma série de espetáculos internacionais em Paranaguá.

Com mais de 70 anos de carreira profissional – começou a se apresentar logo após a Segunda Guerra Mundial –, Gray é um dos últimos ícones da primeira geração do blues que ainda está vivo e na ativa.

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Blues

Henry Gray & Jelly Roll Boys

Hotel Camboa (R. João Estevão, s/n.º – Centro Histórico de Paranaguá), (41) 3420-5200. Abertura com Emerson Caruso Trio & Bene Chireia. Sexta-feira (10) , às 20 horas. Ingresso: R$40. (O hotel oferece pacotes para quem quiser se hospedar e assistir ao show).

“O segredo é que o blues é um sentimento, por isso nunca vai morrer. É claro que ele foi mudando – já não se toca o blues como antigamente”, diz o pianista. Talvez essa última afirmação só não valha para ele mesmo.

Em sua trajetória, Henry Gray trabalhou com pesos pesados como Howlin’ Wolf e Muddy Waters, entre muitos outros.

Gray estava ao piano na noite em que o guitarrista Elmore James sofreu um enfarto e morreu no palco. E gravou pela primeira vez em 1952, acompanhando o bluesman Jimmy Rogers, no Chess Records (lendário estúdio retratado no filme “Cadillac Records”, de 2008, estrelado pela Beyoncé).

Um ano mais tarde, em 1953, também no Chess, Gray gravou o primeiro de seus dez álbuns.

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Quem assistir à apresentação de Gray nesta sexta vai, de certa forma, participar da história do blues.

Veja uma performance do pianista Henry Gray: