Rapper carioca e Cris Scabello, guitarrista da banda paulista| Foto: Felipe Gollnick/Defenestrando

Eram quase 2 horas da madrugada de sexta-feira quando um Jokers estupidamente entupido veio abaixo com "A Verdadeira Dança do Patinho", funk desmiolado e irônico – e bom! – de BNegão, que invadiu o show do Bixiga 70 e colocou mais lenha naquela fogueira suingada. "E pra você que acredita/ que nunca foi lesado/ cante comigo esse hino/ esse é o meu recado: braço em forma de asa/ alterna pé e faz biquinho/ tu entrou na dança/ dança do patinho".

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BNegão foi uma espécie de Moisés da noitada. O rapper dividiu o evento em dois. Antes, o Bixiga 70, exercitando seu trabalho de pesquisa musical, havia criado uma conexão Cuba-Jamaica com escala em algum lugar da África. É algo impressionante a capacidade de unir suingue e peso na mesma toada. O som do Bixiga 70 – isso fica ainda mais evidente quando o quarteto de sopros dança no palco, fazendo pequenos círculos imaginários com seus instrumentos –, é horizontal. Há uma distribuição equânime de tarefas. É muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. E é legal demais. Os dez músicos estavam decididamente afim, e aparentemente foram pegos de surpresa. Afinal, quem é que sai de casa numa quinta-feira para assistir a uma banda brasileira de música instrumental? Muita, muita gente.

Ah, o BNegão. Seu corpanzil é sempre destaque, mas o sujeito chegou chegando. Deu algo de improviso e de malandragem àquele desfile que até então valorizava a técnica e o prazer. O carioca volta a se apresentar hoje no Teatro do Paiol, em Curitiba. É de se pensar o que aconteceria se o Bixiga 70 retribuísse a visita.

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