O herói da contracultura Bob Dylan, cantor e compositor de canções de protesto dos anos 1960, ganhou uma recepção esfuziante dos fãs nesta quarta-feira em seu primeiro concerto na China, apesar de ter concordado em cantar apenas um repertório previamente aprovado que não ofenderia a sensibilidade política do país.
Famoso por suas canções contra a injustiça e em favor das liberdades civis e do pacifismo, Dylan agiu com cautela em Pequim e não cantou nada que pudesse desagradar abertamente aos governantes comunistas chineses, como "The Times They Are A-Changin".
No show de quase duas horas no Ginásio dos Trabalhadores, na capital chinesa, Dylan arrancou aplausos em pé do público com sua penúltima canção, "All Along the Watchtower", e voltou para fazer dois bis. "Like a Rolling Stone" também foi aplaudida.
Ele só falou diretamente ao público de cinco mil pessoas uma vez, para apresentar sua banda.
De qualquer maneira, sua voz rouca, que faz com que mesmo as pessoas para quem o inglês é sua língua materna tenham dificuldade em entender o que ele canta, teria impedido muitos chineses de entender suas palavras.
Promotores de shows tentaram levar Dylan à China no ano passado, mas o Ministério da Cultura não autorizou o show, como é exigido para qualquer espetáculo no país.
A concordância dada este ano foi condicionada à exigência de que Dylan "cantasse o conteúdo aprovado", segundo comunicado breve do Ministério.
O show de Dylan aconteceu em um momento delicado na China, onde músicos e artistas sempre enfrentam algum grau de controle e censura governamental.
No fim de semana o renomado artista plástico contemporâneo chinês Ai Weiwei foi detido no aeroporto de Pequim, e desde então não se tem notícias dele. Sua detenção faz parte de uma campanha abrangente para sufocar a dissidência no país.
Pequim não precisaria ter se preocupado tanto. Alguns artistas ocidentais, como Lady Gaga e Celine Dion, são tremendamente populares na China, especialmente entre os jovens das cidades grandes, mas Dylan, de uma geração mais velha, é muito menos conhecido.
"Baobo Dilun", como ele é conhecido em chinês, vai se apresentar ainda esta semana em Xangai, a capital comercial da China.
Os censores chineses são notoriamente avessos não apenas a conteúdos políticos subversivos, mas também a referências a sexo, drogas e religião.
Em 2006 Pequim exigiu que os Rolling Stones tirassem cinco de suas canções mais ousadas do repertório de seu primeiro concerto na China, entre elas "Brown Sugar" e "Let's Spend the Night Together", devido às letras, vistas como excessivamente ousadas.
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