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Sempre chega o dia em que você quer fazer um comentário sobre uma peça de teatro, um filme e quer que bastante gente ouça. Ou tem aquele escritor que você admira imensamente – e daí vem a vontade de falar com mais pessoas que tenham o mesmo gosto. Às vezes o que você quer é reclamar, bater panela, dizer que o fechamento de um cinema é absurdo. O problema é que, quase nunca, numa cidade grande, existe um espaço público destinado a quem quer ter esse tipo de convivência cultural.

A internet, depois da adesão espetacular dos brasileiros às comunidades de discussão, passou a ser um lugar para esse tipo de debate. No Orkut – mania de nove entre dez internautas –, surgiram dezenas de comunidades especificamente criadas para discutir assuntos de cultura. Não apenas cultura em geral. Mas para falar daquilo que está aqui ao lado. Reclamar dos sebos de Curitiba, debater sobre as peças do Festival de Teatro, comentar os escritores que moram a duas quadras de nossas casas.

Em algumas dessas comunidades, a discussão ainda é incipiente. Mesmo com muita gente cadastrada, há poucas informações relevantes. Em outros casos, porém, já houve discussões que mudaram – pelo menos em alguns aspectos – o rumo de lojas e espaços de cultura da cidade. E há casos nos quais as pessoas se conheceram na internet e acabaram criando pequenos grupos de internautas que levaram a amizade para a vida real, para assistir a seus filmes favoritos juntos.

Embora ainda estejam dando seus primeiros passos, as comunidades já servem como substituto de um tipo de conversa de praça que vai desaparecendo nas cidades grandes. E como todo mundo sempre gosta de dar palpite em tudo, é de se supor que a discussão ainda vai ficar melhor.

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