O roqueiro Layne Staley, vocalista do Alice in Chains morto em abril de 2002, teria se revirado no túmulo se ele pudesse ouvir "Melô do tabaco", faixa com samples da banda de Seattle que o trio curitibano Bonde do Rolê colocou na internet e que caiu nas graças do DJ norte-americano Diplo no início deste ano.
Os remixes de clássicos do rock temperados com batidas de funk carioca e as letras debochadas de Marina Ribatski e dos DJs e produtores Rodrigo Gorky e Pedro D'Eyrot rodaram EUA e Europa e acabaram nos estúdios da Domino Records.
O selo inglês - casa de Franz Ferdinand, The Kills e Arctic Monkeys - não só vai lançar o disco de estréia do Bonde do Rolê no início de 2007 como também já está encomendando novos remixes: enquanto se recupera de uma cirurgia no apêndice, DJ Gorky trabalha na versão de uma faixa do Franz. O disco de estréia do Bonde deve sair no início de 2007.
"Estamos terminando de gravar pela milésima vez", brinca Gorky. "Gravamos as guitarras e os vocais em casa, e agora vamos dar o acabamento em estúdio. A novidade é que não usamos samples, já que é difícil conseguir permissão. Mas estamos esperando o Alice in Chains liberar uma faixa para 'Melô do Tabaco'. Essa pode ser que dê certo", diz, acrescentando que o resultado "está ficando com a cara do Bonde". "Nada muito complicado além de riffs de metal, vocal gritado e batidas pra dançar."
O grupo ficou famoso por samplear, além do citado Alice in Chains, com "Man in the box", bandas como Darkness e AC/DC, tudo como base para o pancadão carioca-curitibano e sem autorização oficial.
O álbum está sendo produzido por Fred Endres, da Comunidade Nin-Jitsu, além de Diplo e do próprio Bonde. Os produtores Rica Amabis e Tejo Damasceno, do Coletivo Instituto, estão cuidando da mixagem.
Neste sábado (2), o trio curitibano se apresenta pela primeira vez com Diplo no Brasil, depois de quase 30 shows juntos lá fora. A balada acontece no clube Glória, na Bela Vista, durante a festa "Rock and ALL", sob o comando do músico e DJ Iggor Cavalera. A banda lança na mesma noite um compacto em vinil com as faixas "Solta o frango" e "James bonde". A inédita "Marina gasolina" também deve entrar no set list.
Recentemente, no festival Nokia Trends, a dupla belga 2 Many DJs tocou uma faixa do Bonde. "Fico abobado com isso", diz Gorky. "É muito incrível. Se não fossem eles, eu nunca teria começado a discotecar. E o Bonde começou muito por influência deles. Agora os meus heróis gostam do que eu faço", comemora.
O trabalho da dupla eletrônica, considerada pioneira do mashup, inspirou Gorky a fazer experiências com o gênero musical no Brasil. "Comecei a tocar em 2002. Fazia uns remixes bestas e acabei aprendendo bastante", diz o produtor de 26 anos, autor da mistura do funk carioca "Atoladinha" com Franz Ferdinand e Miss Kittin. "Até procurei outras pessoas que fizessem isso no Brasil naquela época, mas não achei."
Para quem pensa que as letras gritadas pela vocalista do Bonde, muitas vezes maliciosas e escatológicas, incomodam as famílias, a coisa não chega a níveis críticos. Seus pais, o irmão com a namorada e a tia até foram ver a apresentação da banda no Tim Festival, no Rio de Janeiro. "Minha mãe acha a música da ricota nojenta, mas canta junto 'Melô do vitiligo'. Outro dia ela levou o disco para tocar na aula de ginástica. Fiquei morrendo de vergonha."
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